Vez ou outra, quando me recosto na janela que dá vista para a rua, fico imaginando quem são aquelas pessoas que passam e para aonde estão indo. Já nos pediram para ficarmos em casa, já nos pediram para voltarmos a trabalhar, já nos pediram para usarmos máscaras de proteção e já nos pediram para sermos solidários. A sensação de esgotamento por sentir tantas emoções ao fim do dia, me coloca recostada ao vidro da janela tentando identificar passos e rostos que cruzam as calçadas. O que há por trás destas histórias? Quais as conquistas e perdas destas pessoas? O que precisam enfrentar neste momento, para continuarem suas vidas de alguma forma? Quais os vazios emocionais e necessidades pessoais existentes em cada movimento lá fora? Temos a tendência de sentirmos raiva ou desdém, por aqueles que pensam de maneira diversa de nós. E nos perguntamos: “Como não enxergam a verdade? Como não compreendem que isso é melhor?” Mas precisamos entender que as verdades estão somente dentro de nós, e não lá fora. Sobre em quase um olhar de inclusão, de nada nos vale alimentar desgostos e feridas por aqueles que parecem através de seus atos e pensamentos, atingirem nossas verdades e valores. Não temos controle sobre os pensamentos e mudanças daqueles que negam o contexto de pandemia; nem tão pouco daqueles que levam rigidamente à risca os cuidados orientados. Que a gente possa analisar as diferenças, arriscar compreendê-las, deixá-las distante de nós caso nos gere mal estar. Somos um aglomerado de nossos ancestrais, de nossos passos entre erros e acertos, de desertos e tempestades. Cada um de nós, dentro de uma unicidade exclusiva e diferenciada. Por isso nos movimentamos de maneira diferente, tomamos caminhos inversos, elencamos prioridades às avessas até de quem estamos mais próximos. E estes somos nós. Aquele que vejo passar do outro lado da rua sem máscara de proteção no rosto, e também àquele que está com a máscara e esfrega o álcool gel na mão. O que é certo ou errado nesta vida? Somente você terá suas próprias respostas, e não poderá presenteá-las como sapatos aos outros, porque certamente não irão servir. Poupe sua energia psíquica treinando formas de não julgamento e críticas, pelo valor que dá à sua saúde mental e ao bem estar que precisa gerar neste momento. Treine a compaixão pelo que é diferente e incompreensível para você! Lembrando que somos o reflexo da imperfeição, e apenas nos orientamos pelo que nos ensinaram e pelo que aprendemos até aqui...
Psicóloga Fabiana Witthoeft – CRP 08/08741
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