top of page

Sobre as aprendizagens da morte: não leve a vida tão a sério!


O que há de exatamente de positivo em se perder alguém? Nada! - certamente iremos rapidamente responder. Quando precisamos nos despedir de nossos entes queridos, a vida vira de cabeça pra baixo e as coisas parecem perder o sentido. Há quem diga que aprendemos com a dor. É fato. Aprendi muito a lidar com enfrentamentos e criei maior resiliência, quando perdi meu pai. Precisei ser mais responsável com a vida, já que ele não cuidaria mais de mim. Foi um longo caminho, até aqui. Ás vezes não reconheço quem me tornei, pois se ele ainda estivesse aqui conosco, eu ainda seria a menina amedrontada e fragilizada pelos acontecimentos que me saem do controle e do cotidiano. Tive que aprender a seguir meu instinto, pois todas as minhas decisões eram pautadas na opinião dele. O quanto já me senti desnorteada e com medo de tomar caminhos inadequados, mesmo sabendo que a vida é um risco. Mas a maior das aprendizagens que obtive nestes cinco anos de sua ausência, foi: minha querida, não leve a vida tão a sério! Toda vez que me vejo em uma enrascada ou tendo que transpor infindáveis obstáculos, aceito o sentimento ficando com raiva, triste e inconformada. Posteriormente, sinto a voz da minha consciência sussurrando no meu ouvido:


“Ei! Quanto de vida ainda você vai ter? O que acontece com todos nós, mesmo? Ah, é! Tinha esquecido! Será que vale a pena, me preocupar tanto com isso? Será que há fórmula certa para esta situação? E se eu não levasse a vida tão a sério?” Quando alguém muito próximo de nós parte, compreendemos um pouco melhor sobre a realidade da finitude. Do que hoje é, e amanhã não se é mais. Em um instante, vemos todas aquelas preocupações e desânimos partirem junto delas, e compreendemos que talvez possamos fazer algo diferente.


Por eles, por nós. Difícil digerir este contexto, mas a morte é uma grande professora que descarrega a força da régua na palma das nossas mãos. A cicatriz permanece lá, para que a gente se lembre da existência dela, nos dando a chance de cuidar com carinho e respeito da marca que jamais desaparece, mas que se ameniza com o tempo.


Um abraço,


Psicóloga Fabiana Witthoeft – CRP 08/08741

3 visualizações0 comentário
bottom of page