...Já perdi as contas de quantos dias já se passaram, desde a primeira vez que ouvi falar de coronavírus. Desde então, tenho me sentido mais cansada física e emocionalmente. Crianças vinte e quatro horas em casa, home Office, limitações de circulação, atenção focada nos hábitos de higiene, a falta do contato intimo dos abraços que eu tanto amo, preocupações financeiras e profissionais, convivências desgastadas pelos excessos de proximidades e falta de individualidade.
Se eu tivesse que nomear minhas emoções e sensações neste instante, seriam: raiva, medo, cansaço, ansiedade, tristeza e dependendo do dia, mais umas cem descrições diferentes. É importante lembrar, que não SOMOS a raiva, nem a tristeza. Mas que ESTAMOS furiosos ou infelizes, neste momento presente.
Lembrando também, que este presente pode se alterar em questão de horas de acordo com as nossas disponibilidades de olharmos para novas portas que se abrem, não somente focando na fechada. É comum e até mesmo normal, mergulharmos fundo em nossos abismos,quando principalmente, não queremos admitir este ESTAR aversivo e sofrível.
É como se para sempre permanecêssemos lá, no modo SOU. Pois eu tenho uma surpresa, para você: todos os dias você sempre ESTARÁ olhando a vida e a si mesmo de uma maneira diferente, pois faz parte da nossa construção.
O que fica no SOU, apenas tem muito da sua essência e dos valores que carrega consigo.
Neste jogo de SER – ESTAR o importante é voltar o olhar para o aqui-e-agora, podendo ter contato intimo com quem ESTAMOS sendo, pois isso nos dará pistas sobre o que precisamos em determinados momentos. Portanto, haverão dias que estarei empolgada em manter minha saúde alimentar e em outro, vou comer uma caixa de bombons sozinha.
Vou estar de bom humor e dançar arrumando a casa, mas em outros dias vou querer me isolar no meu quarto e ficar sozinha. Este equilíbrio entre ESTAR no polo da felicidade ou da tristeza dentro das proporções pessoais e causais, é que me darão a visão sobre minhas necessidades sobre o que TER, mas não sobre quem eu SEJA. Importante então, tomar consciência sobre meus sentimentos, pensamentos e sensações diárias, aceitar o ESTAR e se permitir compreender e indo em busca do que o meu eu precisa hoje. Um grande abraço,
Psicóloga Fabiana Witthoeft – CRP 08/08741
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