Há fins de dias difíceis e sem esperança. Quando me recosto no travesseiro, reviso o telejornal do café da manhã, as notícias e debates das rádios nos trajetos entre compromissos. O aumento de pessoas realizando pedidos nos sinaleiros, estabelecimentos com portas fechadas encerrando atividades. Ambulâncias, um vai e vem de “mascarados”, pressa e cansaço.
Tem a política, a estiagem, a pedofilia e ciclones-bombas. Tem a fome, as mortes diárias, a instabilidade financeira, as crianças desorientadas. Tem as reestruturações das empresas, as demissões, os desvios de dinheiro, a violência doméstica. Tem uma enxurrada de notícias ruins para todos os lados. Tem, sim!
E não posso negar ou “fingir demência”, porque o que vou construindo em relação a elas, vai explodir em mim mais adiante. Então, já que toda esta onda negativa chegou a meus olhos e ouvidos, lido com o sentimento. Tomo consciência do que estou sentido. Nomeio esta emoção difícil, e tento a explorar melhor dentro dos meus pensamentos, emoções e sensações.
Posteriormente, procuro aceitar que está tudo bem se eu sentir raiva, medo, tristeza, frustração, pois não haveria outra forma de me sentir diferente. Entendo que não preciso ficar aquém do que acontece por aí evitando absolutamente tudo, mas há dias que preciso me proteger um pouco mais deste universo mal e não mergulhar nele.
E que também posso realçar minha atenção para as ações de solidariedade, os resgates do meio ambiente com o isolamento social, as manifestações pacíficas e marcantes pela igualdade, os avanços da medicina, as reinvenções pelo mundo para que possamos ter um maior bem estar e saúde mental. Que eu possa amanhã, encarar minhas difíceis emoções quando me jogarem o balde de água fria, mas que depois eu também possa ver que ele também me lavou a alma.
Psicóloga Fabiana Witthoeft - CRP 08/08741
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