Quarta, 6 de maio, o Banco Central do Brasil reduziu a taxa SELIC para 3% ao ano. É a menor da história da economia brasileira e tende a cair mais. Em situação normal, taxas de juros baixas incentivam o investimento na atividade produtiva e tendem a diminuir a especulação financeira. Isso é bom! O risco é afugentar o investidor estrangeiro, porque o capital externo vai em busca de aplicações mais rentáveis em outros países.
E para você, isso é bom? No momento, não. Se você tem dinheiro para aplicar, vai receber juros menores nas suas aplicações de renda fixa. Se você quer fazer um empréstimo, financiar um notebook, ou rolar a divida de seu cartão de crédito as taxas de juros vão continuar iguais e podem até subir. Mas como? A SELIC é a taxa básica de juros da economia. É a taxa base para o custo do dinheiro, é parâmetro para todas as outras operações financeiras O problema para suas finanças pessoais é o tempo de reação a essa queda na taxa básica.
A queda é rápida para aplicações e lenta para tomar dinheiro emprestado.
Quando é para aplicar dinheiro os bancos, as corretoras, as Fintechs rapidamente baixam a taxa de juros paga para você. A caderneta de poupança, os títulos públicos, os CDBs vão pagar juros menores, porque a base de cálculo é a taxa SELIC. Isso é ruim para quem consegue economizar.
E porque a taxa de juros cobrada nas operações de crédito e de financiamento não cai? Cai, mas muito mais lentamente. A concorrência entre as instituições financeiras não é grande. As pessoas estão ficando mais endividadas, o risco de não pagar a dívida é maior. As pessoas estão perdendo seu emprego, a renda do autônomo está diminuindo, pequenos negócios estão fechados, vão falir. Por isso o risco de crédito aumenta e as taxas de juros cobradas sobem junto. Aliados a possiblidade de aumento na inflação, o banco vai continuar cobrando taxas de juros muito altas.
Por isso, não fique feliz. A taxa de juros baixa é boa para investimentos. Quem vai querer investir se governadores e prefeitos proíbem lojas de abrir? Fábricas de trabalhar? Pessoas de circular nas ruas?
ANA PAULA CHEROBIM –
Professora de finanças UFPR
ANA PAULA MUSSI SZABO CHEROBIM
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ