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Economia para Você: Dr. Jivago e o STF: o gradual caminho para a perda de liberdade!



Quarta feira, 27 de maio a Polícia Federal, cumprindo ordens do Ministro Alexandre de Moraes do STF, iniciou a execução de 29 mandados de busca e apreensão em lares, escritórios e gabinetes de pessoas conservadoras[i] ( Alan dos Santos ( site tercalivre), Bernardo Küster, Filipe Barros, Bia Kicis, Luciano Hang e muitos outros) ...... mais um passo para o fim da liberdade de imprensa! [ii]Qual a acusação? Não estava claro nos mandados; qual a nossa suspeita? Todos os acusados têm orientação política conservadora e de alguma forma, expressaram contrariedade a alguns Ministros do STF.


Ué? Você nos sugeriu a leitura ou assistir ao filme Dr. Jivago; e agora vem com notícia do STF? O belíssimo romance de Boris Pasternak tem TUDO a ver com isso: As ditaduras e a pobreza não surgem de um dia para o outro: o caminho é lento, sub-reptício e revestido de belos discursos.


O livro publicado inicialmente em 1957, na Itália, mostra a sociedade russa no início do século XX. Em super síntese da obra: o jovem médico e poeta Igor Jivago casado com Tonya, ambos criados na aristocracia, se apaixona por Lara moça pobre, sensual e noiva de Pasha, um jovem idealista. Alguns momentos do romance chamam a atenção para a hipocrisia, idealismo, oportunismo e, principalmente, para a lenta escalada do autoritarismo. Em dias atuais podemos comparar com o papel dos “isentões”; dos políticos favoráveis ao confinamento total e ao aumento da pobreza e por fim, a nossa perda de liberdade.


Hipocrisia e isentolândia: Ao acompanhar seu chefe em um socorro médico, Jivago conhece a pobreza e o desespero, personificados na tentativa de suicídio de uma viúva ao desconfiar ter perdido seu antigo amante e provedor, Viktor Komarovski; para sua própria filha Lara. Ao longo dos meses Komarovski toma Lara como sua amante e protegida, tenta impedi-la de casar-se com Pasha, se alia aos bolcheviques e ao final da história, como o perfeito “isentão”, rouba Lara de Jivago. É o único personagem do filme sem maiores infortúnios ao longo de todo o romance. Alguma semelhança com Rodrigo Maia ou Alcolumbre?


Hipocrisia e idealismo: O jovem idealista Pasha se transforma em sanguinário líder do exército vermelho, muda seu nome para Strelnikov, prega o fim da família e o completo domínio da vida do cidadão pelo Estado. Aoenas procura sua esposa Lara, no final do filme, quando já havia sido desposto por antigos correligionários. Alguma semelhança com deputados eleitos na esteira do conservadorismo e vira-casacas, atuais defensores de pautas globalistas, contrários ao governo federal como Kim Kataguiri e Joice Hasselmann?


Oportunismo, confinamento e fome: No triste domingo sangrento de 1905, festa da aristocracia ignora marcha pacífica da população pedindo melhores condições de vida para camponeses e trabalhadores urbanos. Na festa, o mesmo Komarovski está a jantar com Lara; quando a polícia ataca a manifestação, ele faz comentário hilário e a festa continua. São nossos políticos e jornalistas globais postando vídeos de lautas refeições, regadas a vinho; enquanto diaristas, manicures, cuidadores de carros, vendedores de sinaleiro se desesperam para conseguir um dinheirinho para o almoço.


Quando Jivago volta da I Guerra Mundial encontra sua casa invadida por várias famílias. Sua esposa, filho e sogro estão confinados em um único quarto. Alguém resolveu dividir aquela casa. Não importa a propriedade privada. Alguma semelhança com os Sem Terra invadindo fazendas no governo Lula? Ou com o governo Dória confiscando máscaras da 3M[iii]? ou o prefeito de Sobral CE confiscando empresa de lingerie para fazer máscaras[iv]?


E a fome? O filme não trata diretamente do confisco das produções agrícolas e da coletivização das terras; mas a cena em que o trem passa por cidades dizimadas pela fome ou incendiadas pelos exércitos revolucionários mostra a estupidez da “socialização dos meios de produção”. Bastante parecido com a dizimação de empregos por conta do isolamento social.


Por fim, a perda de liberdade: a família de Jivago não mais consegue viver em Moscou e foge para a antiga fazenda da família nos Urais. São 12 dias de viagem de trem, em vagão cargueiro; e mesmo assim para embarcar precisam de autorização especial. Alguma similaridade com as autorizações necessárias para entrar em Viçosa MG[v] ou sair de Itacaré, BA[vi]?


O autor de Dr. Jivago, Boris Pasternak, ganhou o Prêmio Nobel de literatura em 1958. Precisou desistir por pressão do regime soviético. Que absurdo registrar os horrores causados pelo comunismo! Alguma semelhança com o inquérito 4371, das Fakenews? Falar mal dos membros do Supremo Tribunal Federal? Afinal, eles sequer foram eleitos. Cuidado, o livro Dr Jivago só foi liberado na URSS com a Perestroika, em 1988. Antes disso, circulava clandestinamente. Provavelmente é essa criminalização do conservadorismo o objeto do Inquérito nº 4.781, aberto pela Corte sem objeto e investigados definidos e que tramita em segredo de justiça, sem acesso por parte do Ministério Público Federal[vii], sequer os advogados dos acusados podem ler o processo.


Você pode não morrer de amores pelo presidente Bolsonaro, afinal ele fala palavrão! Mas imagine se ele resolver abrir processo contra todos os que maldizem seus esforços para diminuir o tamanho do Estado, aumentar a liberdade econômica, resgatar os valores da família brasileira? Vai faltar capacidade de processamento nos computadores da justiça[viii]!


Ao invés disso, seus ministros revogaram a portaria ministerial facilitadora das arbitrariedades de governo e polícia “em nome do COVID”[ix].


Ana Paula Cherobim - Professora de Finanças da UFPR.

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