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Vozes da política secundarista: Coletivos e Coletivas nas redes sociais


Olá! Tenho certeza de que encontro aqui pessoas para dialogar e construir pontes para uma convivência humana, livre da intolerância! Meu nome é Eloise (@eloisemedice), sou mãe da Alice, pedagoga, mestre em educação, estudiosa de tudo o que diz respeito as formas dignas de existência humana! A vida é uma jornada curta e bela, por isso me debruço há algum tempo sobre as reflexões e a construção de projetos sobre juventudes, educação e sobre as gerações que nos sucedem.


O espaço escolar de ensino médio não é o único espaço em que os jovens e as jovens secundaristas socializam, criam e repercutem suas ideias. O ambiente virtual, potencializado pela pandemia COVID-19, é fundamental para disseminação de ideias, influências, reverberações das juventudes e, sobretudo chamam a atenção temas que não estão necessariamente ligados ao currículo escolar, como gênero, classe e raça. Não é preciso muito tempo em redes sociais para notar que estes temas transversalizam todas as gerações, sobrepostos a fatos (e fakenews!) polêmicos, indigestos e infelizmente bárbaros.


Os debates são intensos e as opiniões se esforçam para ganhar espaço, influenciar e se tornarem virais, do ponto de vista do conteúdo, de opinião e da estética. Faço um esforço intelectual e também de cidadania para compreender em que medida a escola de ensino médio, que se propõe a ser um espaço de construção e acolhimento das juventudes/identidades, relaciona-se com as construções sociais das/dos jovens em redes múltiplas? A comunidade escolar colabora ou não para a criação/legitimação de espaços formativos para que as juventudes possam elaborar e compreender as relações entre gênero, política, raça e classe?


Duas coisas nós sabemos (ou achamos que sabemos): O contexto escolar possui organizações estudantis a partir de agremiações previstas em regimento interno e que talvez possam agregar pautas sobre gênero, identidades, raça e classe; e as/os jovens estudantes de ensino médio em especial buscam representação política (de forma ampla, não apenas de “político profissional”) em lideranças presentes nos Coletivos.


Provoco aqui um exercício de antecipar o que as juventudes secundaristas compreendem e apropriam para sua formação e emancipação e, de início, corro o risco de ser superficial e agregar as experiências das juventudes de forma homogênea, embora as diferenças sociais e culturais estejam o tempo todo sendo explicitadas.


Os Coletivos são formas de organização (física e/ou virtual), aproximam-se dos movimentos sociais no sentido da transformação e se distinguem quando se identificam por questões que nem sempre são universais. Os Coletivos em rede sociais também podem vislumbram direitos humanos e, ao mesmo tempo, dedicam seus esforços sobretudo ao reconhecimento, pertencimento, criação de identidades e confronto com as normas, valores e moral universais, em nome da diferença, da valorização das minorias e exposição do preconceito, violência, desigualdades e subalternidades.


Existem pesquisas que procuraram mapear estes coletivos, como é o caso do estudo de Justus, Romancini e Castilho (2019):


A internet criou oportunidades de conexão entre pessoas, organizações e iniciativas com temas comuns. Isso permitiu que instituições e movimentos que antes atuavam em esferas distintas pudessem ser encontrados num mesmo ambiente virtual. Esse é o caso do Mapa de Coletivos de Mulheres (MAMU), iniciativa lançada em 2014, com o objetivo de cadastrar e mapear iniciativas que trabalham com causas e temas relacionados às mulheres. (2019, p.02).


Coletivos podem ser entendidos também como formas de proteção direta ao indivíduo, enquanto movimentos sociais são, de forma ampla, grupos que projetam transformações sociais estruturais (no Estado, na gestão, no sistema econômico, legislativo, etc). Entretanto, estas diferenciações não são consenso na literatura e o mais essencial para este momento é destacar que ambos não são sinônimos, podem ser complementares e analisados de forma situada e no tempo e no espaço. De acordo com Tavares e De Paula:


Visto esta realidade e a crescente desaprovação das estruturas sociais vigentes, vários tipos de ações coletivas têm levado os indivíduos a manifestarem demandas sociais e insatisfações diversas por meio de movimentos sociais, muitas vezes estabelecidos por meio de redes, que englobam demandas e objetivos semelhantes e compartilhados e que favorecem a atuação em favor de causas coletivas. As bases deste tipo de ação são bem fundamentadas na história por meio de órgãos de classes, tais como sindicatos, bem como por meio de revoltas populares e movimentos sociais diversos. (2013 p. 02).


Os Coletivos – sejam físicos ou organizados virtualmente – são os grupos de indivíduos que se encontram para produzir micro-resistências e macro-resistências que buscam produzir formas legítimas de existir com seus corpos e formas de se compreender no mundo a sua maneira. Deixo assim algumas problemáticas para debatermos, questionarmos e observamos juntos e juntas:


Em que medida a escola de ensino médio é vista pelos/pelas estudantes como disposta a acolher as demandas que elas/eles produzem e socializam em seus grupos?

Quais pautas/demandas são mais procuradas e debatidas pelas juventudes em seus coletivos/grupos/comunidades?


O objetivo aqui é o de contribuir para que a escola, bem como quaisquer instituições ou grupos que pretendem compreender as juventudes, possam ter melhor embasamento para discutir e compreender as demandas das gerações que nos sucedem. Na medida em que “o mundo adulto” conseguir identificar e analisar os principais temas gerados pelas juventudes secundaristas, daremos mais um passo para compreender as manifestações e representações políticas das juventudes e não apenas julga-las.


A Pedagogia está em todos os lugares e de maneira sensível na passagem das gerações, nas críticas e comentários viralizados pela exposição do que é “Cringe”, não é? Vamos trazer amplitude para este debate!


Grata pela oportunidade!


Eloise



Referências:


JUSTUS, P.; ROMANCINI R.; CASTILHO F. Um Prisma,Muitas Faces: mapa de coletivos de mulheres, suas propostas e formas comunicativas. XXVIII Encontro Anual da Compós, Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação: PUC-RS, 2019. Disponível em: http://www.compos.org.br/biblioteca/trabalhos_arquivo_6FGN3IKPKM23KD5I4QDF_28_7315_20_02_2019_08_30_20.pdf. Acesso em 12 de agosto de 2020.



PAULA, Ana Paula Paes de; TAVARES, Wellington. Movimentos sociais em redes sociais virtuais: possibilidades de organização de ações coletivas e ativistas no ciberespaço. In XXXVII Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro-RJ, set. 2013. Disponível em: < http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2013_EnANPAD_EOR200.pdf>. Acesso em: 03 de setembro de 2020.



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