Sarampo, Rubéola e Tétano não estão associadas apenas aos pequenos e há vacinas preventivas disponíveis a qualquer tempo para que adultos não virem transmissores
O ato de vacinar-se é parte da vida de muitas pessoas faz tempo, já são algumas gerações que cresceram beneficiadas pela imunização a fim de combater doenças virais e bacterianas. Porém, a pandemia – somada ao acesso fácil a informações – foi mesmo o que fez o interesse aumentar exponencialmente. A ponto de as pessoas escolherem marcas e participarem de debates como se fossem especialistas.
“Porém, ainda assim muita gente associa vacinas apenas com as crianças e não sabe, por exemplo, que existe um calendário vacinal que precisa ser cumprido pelos adultos. Como a oferta de vacinas é grande, muitas podem passar batidas ou ainda falta clareza sobre qual doença protegem”, lembra o médico infectologista Jaime Rocha, diretor de Prevenção e Promoção à Saúde da Unimed Curitiba e responsável pela Unimed Laboratório.
Reforço nas vacinas da infância – Um fator importante no cenário brasileiro é que a distribuição e alcance dos imunizantes é maior agora. Isso significa que várias pessoas podem não ter sido vacinadas de forma ideal quando pequenas devido a dificuldades de acesso. Por isso, Rocha destaca que as pessoas que não tomaram as vacinas que constam no calendário infantil devem recebe-las na vida adulta. Para saber quais vacinas priorizar na sua carteira de vacinação o infectologista indica voltar lá na infância e resgatar seu histórico. Pode ser pelas carteirinhas de criança, pelas lembranças das mães e avós, ou mesmo com apoio de uma unidade de saúde da sua cidade que, às vezes, consegue fazer tal levantamento.
“O importante é tentar recuperar quais vacinas foram tomadas. Tem as de gotinhas, as com injeções, normalmente a aplicação é registrada com as datas. É isso que vai revelar a necessidade, pois nem todas as vacinas que tomamos quando pequenos conseguem nos proteger pela vida inteira, sendo preciso fazer um reforço anos depois”, orienta o infectologista. Essa busca é importante, segundo ele, porque é um acompanhamento de quais imunizações o corpo recebeu. Apenas para as pessoas com baixa imunidade ele alerta ter cuidado porque, para elas, não é recomendável tomar vacinas sem necessidade. “Mas nos demais casos, tendo dúvidas, não há problema nenhum vacinar novamente. O importante é não descuidar”.
Comportamento de proteção na fase adulta – Outros cuidados e acompanhamentos rotineiros da saúde como exames, consultas e tratamentos são desculpas usuais para a vacinação ficar esquecida, e a verdade é que é difícil encontrar um adulto que mantém em dia a carteira vacinal. Para o infectologista, a revisão vacinal de cada um é sinal de respeito com a própria saúde e um exercício do senso coletivo.
"Muita gente acha que as vacinas são para crianças e descuidam da própria imunização. Só que isso leva a negligenciar a própria saúde e, por consequência, a da sociedade já que não estar vacinado pode te tornar um potencial transmissor de doenças, especialmente para crianças e idosos que são grupos mais vulneráveis”. Por exemplo, a vacina contra o Sarampo. O especialista responsável pela Unimed Laboratório esclarece que “somente pode ser considerado imune contra o Sarampo quem já tomou duas doses da vacina com mais de um ano de idade, ou quem teve a doença de forma confirmada”.
Uma pesquisa do instituto Ipsos MORI com 8,5 mil pessoas, em seis países, reitera a apreensão do médico com o comportamento de praxe de quem já está bem crescido. O levantamento encomendado por uma companhia farmacêutica aconteceu em 2017 e já tinha um cenário preocupante antes mesmo de o mundo ser acometido pela pandemia. Nele foi revelado que 69% dos adultos brasileiros entrevistados não estavam com a vacinação em dia. Destes, 15% afirmaram que vacinas são recomendadas apenas para bebês ou crianças, enquanto 21% consideram a vacinação na vida adulta apenas para viajar.
Mas a boa notícia é que todas as vacinas indicadas para os adultos estão no Plano Nacional de Imunização e são fáceis de achar. Mauro Scharf, diretor médico da Unimed Laboratório, indica o aproveitamento delas para garantir a própria segurança: “Disponibilizamos todas as indicações para a imunização dos adultos. E elas podem ser tomadas em qualquer horário”.
Benefícios para todos – Quebrar o esquecimento para manter em dia a carteira de imunizações, segundo Jaime Rocha, também ajuda a evitar surtos ou retomadas de surtos (como o caso atual do Sarampo). Além disso, é mais uma medida de prevenção nesses tempos porque pode evitar hospitalizações desnecessárias. Ele indica tomar as vacinas disponíveis nas redes públicas e privadas, especialmente aquelas para doenças que podem ter evoluções mais graves como, por exemplo, Hepatite e Meningite.
“Uma imunização mais completa envolve até dez vacinas. Mas cinco delas são primordiais: (1) As três doses para prevenir Hepatite B, (2) a dose única contra Febre Amarela, (3) a vacina Tríplice Viral em duas doses contra Sarampo, Caxumba e Rubéola, (4) a Pneumocócica que tem uma dose só e previne a Pneumonia e, por fim, (5) a vacina dupla adulto contra Tétano e Difteria que deve ser reforçada a cada dez anos. Outras que recomendo são as proteções contra Gripe, HPV, Dengue (que só pode ser aplicada em pacientes que já foram infectados pelo vírus no passado) e Meningite (Meningocócica). Ainda acompanhamos o caso da COVID-19, pois não se sabe como será o calendário vacinal no futuro”, lista o especialista.
Curiosidade – Uma das vacinas disponíveis para adultos na Unimed Laboratório é a dTpa Tríplice Bacteriana acelular tipo adulto que protege contra Difteria, Tétano e Coqueluche. Essa vacina é especialmente indicada para profissionais que atuam nas áreas da saúde, alimentos e bebidas, estética (manicures e podólogos), militares, policiais, bombeiros e profissionais da aviação e profissionais que trabalham com animais e crianças.
Entrevista com o Doutor Jaime Luis Lopes Rocha (CRM-PR 17.227) Infectologista
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