top of page

Trabalho jurídico gratuito garante vaga de estudante autista em curso de medicina

“A Fernanda nos procurou, no início do ano, para auxiliá-la na elaboração do recurso que indeferiu a sua inscrição às vagas reservadas para pessoa com deficiência e o resultado foi um sucesso”, disse Flávia.


Foto: Hully Paiva/SMCS

A partir do dia 28 de fevereiro de 2022 a vida de Fernanda da Rocha, 34 anos, terá um novo capítulo. Ela vai começar a cursar medicina em uma universidade de Curitiba. O caminho para chegar lá não foi fácil, há três anos ela foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e vai conseguir cursar a faculdade graças ao convênio firmado em novembro de 2017 entre o Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Curitiba e o Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade de Educação Superior do Paraná (Fesp).


Fernanda passou no vestibular no sistema de cotas, mas a universidade não aceitou as explicações e a documentação inicialmente apresentada pela estudante para comprovar o autismo. Com a ajuda do departamento e da Fesp, recorreu da decisão e conseguiu garantir a matrícula para cursar medicina.


A advogada do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Flávia Monteiro Caron, explica que o serviço de orientação jurídica atende gratuitamente todas as pessoas com deficiência e seus familiares, empresas, instituições e demais pessoas que busquem informações sobre direitos da pessoa com deficiência nas diversas áreas do direito.


Saúde mental

Fernanda só foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista quando se tornou adulta.


Tinha passado despercebido antes. Eu tive convulsões e procurei um médico, descobri que tinha epilepsia e também fui diagnosticada com autismo”, contou Fernanda.


Após o diagnóstico ela começou a estudar sobre o autismo e cuidar mais da saúde mental. Procurou uma psiquiatra e uma psicóloga e novamente confirmou o diagnóstico.


A infância não foi um período fácil, ela contou que ficava isolada na escola e sofria bullying. “Tinha trauma de ir ao psicólogo, me achava diferente. Agora consigo falar mais sobre minha vida”, disse.


História diferente

Antes de saber que tinha autismo, Fernanda começou a fazer um curso de graduação em veterinária, mas desistiu. “Fiquei dez anos sem estudar, foi traumatizante ir para a faculdade com autismo. Eu não sabia que tinha, nem os professores sabiam, daí cancelei o curso. Agora acho que vai ser diferente.”


Segundo Fernanda, para ela entrar como cotista para estudar medicina, a universidade exigiu uma documentação escolar comprovando que ela é autista. “Comecei a pesquisar advogados que faziam atendimentos gratuitosheguei até o Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que oferece esse serviço”, contou a estudante.


Todo o atendimento foi virtual, por troca de e-mail e pelo WhatsApp. “Se não fosse esse trabalho jurídico do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência eu não ia conseguir essa vaga na universidade. Quem não tem condições financeiras, como eu, que procure auxílio e faça valer os seus direitos”, definiu.


Fonte: PMC

0 visualização0 comentário

Comments


bottom of page