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TeleTEA completa um mês de apoio às famílias e pessoas com autismo

O serviço é realizado pelo Ambulatório Encantar, que atende crianças e adolescentes com TEA. Funciona de segunda à sexta-feira, das 8 às 17h, pelo telefone (41) 3262-0579.

Foto: SMCS/Hully Paiva


Lançado em 20 de abril, o TeleTEA é um serviço de atendimento telefônico para orientação e apoio a familiares, cuidadores e pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) durante o período de isolamento domiciliar, causado pela pandemia do novo coronavírus. Com uma média de sete atendimentos diários, o TeleTEA recebeu cerca de 140 ligações em seu primeiro mês.


“As pessoas que estão passando por dificuldades com relação à rotina ou a algum tipo de comportamento durante a pandemia podem ligar para a gente”, disse Eduardo Cassanho de Oliveira, coordenador do Encantar.

Do outro lado da linha estão profissionais da saúde (psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais), que já têm experiência com autismo no ambulatório e auxiliam as famílias neste momento com orientações, acolhimento e escuta, promovendo estratégias do dia a dia para minimizar o sofrimento do momento.

A mãe da adolescente K., que completa 17 anos no dia 21, diz que a filha sente muita falta da escola, dos amigos e da rotina. A menina gosta muito de conversar e de abraçar as pessoas, o que não é muito comum em outros autistas.

Segundo a mãe, neste momento de isolamento social, K. está muito nervosa e ansiosa, chora, grita e briga com familiares. “Ela descobriu o TeleTEA em uma rede social, pegou o telefone e ligou sozinha. Somente no terceiro telefonema fui ver quem a estava acalmando”, disse a mãe, que prefere não ser identificada. "No telefone estava a Aline (terapeuta ocupacional), muito calma e atenciosa, amei o serviço! Quando tudo isso passar, quero ir lá com minha filha para conhecer a equipe pessoalmente!”

Segundo Denise Moraes, diretora do departamento dos direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Curitiba, as pessoas com deficiência são mais vulneráveis à covid 19, por isso, o isolamento social é importantíssimo. No entanto, ficar em casa não é tão simples para pessoas com TEA. “Algumas têm dificuldade com o espaço limitado de uma residência, pois precisam caminhar e correr. A mudança de rotina também é complicada para eles”, disse.

Questionamentos Alguns autistas frequentam escolas comuns (na inclusão). Outros, escolas especiais, onde contam com profissionais de apoio. Como essas instituições estão com as atividades momentaneamente suspensas, famílias e cuidadores precisam lidar com questionamentos das pessoas com TEA, que por vezes têm dificuldade para entender a gravidade de uma pandemia, e a necessidade da higiene frequente das mãos, do uso de máscaras, do álcool em gel.

Algumas pessoas com TEA costumam ter objetos de apego que levam constantemente à boca e que precisam ser constantemente higienizados, o que exige atenção redobrada. “O TeleTEA é muito importante; os profissionais multidisciplinares do Ambulatório Encantar dão um suporte imprescindível às famílias neste momento de incertezas. É um serviço de apoio essencial para a sociedade”, disse Denise.

As ligações dos familiares são por diversos motivos, desde dificuldades em fazer a tarefa de casa, alterações de rotina em que a criança fica mais agitada, a aumento de comportamentos disruptivos (transgressivos, desafiadores). “A dificuldade não é necessariamente da pessoa com TEA, muitas vezes o familiar ou cuidador também precisa de um acolhimento, de uma escuta. Então, oferecemos isso”, afirmou Eduardo. Segundo o coordenador do Encantar, as ligações são longas, os atendimentos duram pelo menos 40 minutos, para que se tenha uma escuta bem ativa e se possa entender tudo que está acontecendo com a família.

O Ambulatório Encantar O Ambulatório Encantar atende crianças e adolescentes encaminhados via Unidade de Saúde, onde é feita uma avaliação pediátrica. Em crianças de 0 a 30 meses, é aplicado o M-CHAT (teste utilizado para identificar sinais de autismo), o neurologista faz uma avaliação prévia e só então encaminha para o Encantar.

A primeira entrada dessa família no Ambulatório é feita através de um grupo com a família, onde são dadas as primeiras orientações. Em seguida, a pessoa passa por uma avaliação multifuncional, onde é indicada o tipo de especialidade que será utilizada e qual será o profissional de referência; pode ser psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, médico ou assistente social.

Durante a quarentena os profissionais fazem ligações para os familiares atendidos pelo Encantar para saber como estão, se precisam de alguma orientação, de alguma estratégia. “Estamos abertos para ligações espontâneas, mesmo assim, ligamos para as famílias com uma certa frequência, para saber como estão e nos colocando à disposição”, concluiu Eduardo.

As prescrições de medicamentos continuam sendo feitas, familiares ou pessoas autorizadas podem ir buscar a medicação em nome do paciente. Neste momento não há atendimento presencial à criança ou adolescente, mas os remédios estão sendo fornecidos normalmente. Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência durante a pandemia Segundo a diretora Denise Moraes, o departamento mantém atualizadas as informações às pessoas com deficiência com vídeos acessibilizados, dicas importantes e pertinentes ao momento e informações específicas para cada área de deficiência.

O departamento também trabalha em parceria com outras áreas da Prefeitura com sua Central de Libras. “Proporcionamos que as informações da Secretaria Municipal da Saúde e as aulas aos sábados, gravadas pela Secretaria Municipal da Educação, cheguem aos surdos”.

Nesta semana o departamento iniciou um programa de lazer em parceria com a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude, que estará disponível, em breve, pela internet. “Nas nossas redes sociais postamos vários vídeos com relação à covid, à ansiedade, a fatores psicológicos importantes dessa época e também sobre prevenção à violência contra a mulher, que infelizmente aumentou muito neste período”, diz Denise. 

Fonte: PMC

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