Ironicamente,
aos olhos castigados
do mineiro abatido,
o lugar onde se vive
é embaixo da terra,
na atmosfera feroz
e dura que dura
diariamente
o dia inteiro...
Não há espaço para o sonho
no universo do mineiro,
pois quando dorme, não sonha...
Não existe Fernando de Noronha.
Chega e desmaia, desmorona...
Para assim dar início
a outra maratona,
a outro precipício...
Escravo do horário,
segue trabalhando
sem saber até quando...
Nem percebe que perde
a maior joia de todas,
a maior pepita...
Vida.
Pepita sem valor comercial,
mas que vale mais que tudo...
Passa diante dos olhos
desfilando na avenida
e viajando pelo mundo...
Pepita desmedida...
Por vezes, careta...
N’outras, picareta.
Chama Xamã que chamam
de “sina” da morte assassina
em algum sinaleiro...
Para o mineiro é briga diária
e solitária, sem consolo
abaixo do solo...
Está longe de estar ao léu
em algum “céu de brigadeiro”.
Vida e morte tão diferentes
são indiferentes e parentes
aos olhos do mineiro...
(Igor Veiga / PERIGOR)
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