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QUARENTA E QUATRO ANOS DEPOIS...

Atualizado: 24 de set. de 2020

E AS LEMBRANÇAS AINDA RONDAM O BAIRRO CABRAL



Em 2 de setembro de 1976, um caminhão Mercedes placa CR-4362 de Curitiba, da Expresso Catarinense, sai do galpão da firma Comercial PolParaná, em Colombo, para mais uma tarefa, levar 1555 quilos de dinamite e 600 quilos de cola inflável até a Companhia de Cimento Portland, localizada em Itajai Santa Catarina.


Aquela missão tinha como assistente Ademar dos Santos e Edson Galvão e para dirigir o caminhão Donato Taborda. Chegando no sinaleiro da Rua São Luiz no bairro Cabral, notou fumaça na carroceria, vendo a gravidade do problema entrou em um comercio para ligar para os bombeiros, porém não teve tempo e o caminhão explodiu, as 16h 40m.


Sete minutos depois os bombeiros chegaram e encontraram uma cratera de três metros e meio de diâmetro com profundidade de 4 metros, onde estava o caminhão que se desintegrou, todos os prédios e residências num raio de quinhentos metros ficaram destruídos e cerca de 200 pessoas feridas, duas mortas e um prejuízo de 20 milhões de cruzeiros.


AUTORIDADES

Em 1976, o então Presidente da República Ernesto Geisel, quando soube do ocorrido, telefonou para o Governador do Estado do Paraná, na época, Jayme Canet.


Ele manifestou sua solidariedade à população de Curitiba, querendo saber de todos os detalhes, suas consequências, números de vítimas e desabrigados da explosão ocorrido no dia anterior.



No momento da explosão o então Prefeito Saul Raiz estava na Secretaria da Agricultura, onde o abalo foi sentido, indo em seguida ao local, se encontrar com o Secretário de Segurança, um repórter o perguntou quem caberia ressarcir os prejuízos e ele respondeu “ Isso é todo um processo que ainda não temos condições de equacionar. Primeiro devemos pensar em socorrer as vítimas”.


Providencias foram tomadas na época, pelo Governo do Estado e Prefeitura Municipal. O Prefeito Saul Raiz com a ajuda do Governo Estadual prometeu reconstruir todas as casas destruídas e a Secretaria da Saúde e Bem Estar se prontificou a ajudar as vítimas com remédios e assistência médica.


Como era época de eleição para a Câmara Municipal, muitos candidatos se aproveitaram do problema, prometendo resolver tudo, mas os moradores estavam céticos quanto a ajuda dos políticos.


PARQUE PINHEIROS

Um conjunto de edifícios residenciais, com aproximadamente 186 famílias, chamado Parque Pinheiros e que fica a 500 metros da explosão viveram momentos dramáticos.


Na hora da explosão várias pessoas foram lançadas ao chão, pelo deslocamento de ar e certa de 70% dos vidros dos edifícios foram quebrados.



No ano de 1976 existia um jardim de infância perto do Parque Pinheiros, com cerca de 40 crianças, porém na hora do ocorrido elas estavam no recreio e não tiveram nenhum tipo de ferimento, mesmo assim todos os vidros do jardim de infância foram quebrados.


SE ISSO FOSSE NO CENTRO!

O destino do caminhão com dinamite era Santa Catarina e teria obrigatoriamente que cortar a Capital, passando pelo centro da cidade, parando na Rua João Negrão nas lojas Hermes Macedo, onde a carga seria completada.


Segundo declarações da época, o Diretor do Instituto da Polícia Técnica Arlindo Blume comentou “ os danos teriam sido incalculáveis se a explosão tivesse sido no centro da cidade”.


Em 1976 o bairro Cabral era muito pouco habitado, os espaços eram livres, o raio da explosão foi de três quilômetros, se isso ocorresse no centro a destruição teria sido por quatro ou cinco quarteirões, devido ao vácuo e efeito da explosão se espalharem.


Defesa Civil

A explosão do caminhão foi um dos motivos para a criação da Defesa Civil de Curitiba. O órgão, que não existia em 1976, foi estabelecido pela Lei Municipal nº 6725, de 18 de setembro de 1985. O responsável pelo texto foi o coronel René Roberto Witek, que, na época da tragédia, fez parte da equipe que socorreu os feridos.




CURITIBA 1913 E 1937

Em 1º de julho de 1913, um fato semelhante, mas com consequências maiores, ocorreu na Praça Eufrásio Correi, quando uma explosão abalou a pequena cidade de Curitiba.


Na estação ferroviária situada na Praça Eufrásio Correia, soldados descarregavam de duas carroças militares explosivos, que seriam transportados por trem até Roça Nova, entretanto 26 tambores de explosivos estouraram e tiraram a vida de 18 pessoas.

Em 1937 uma explosão na Fábrica de Fogos, atrás do café Paiva, na Comendador Araújo, também foi motivo de grande alvoroço em Curitiba, felizmente somente uma pessoa perdeu a vida nesse incidente.


DEPOIMENTOS


“Eu morava na Travessa Itália e estava com 19 anos.

Tinha um Seter irlandês de quatro meses. E naquela tarde um amigo veio me visitar. Hoje ele é meu compadre e mora na Alemanha.

Resolvemos sair com o cão passear. E fomos a Praça Eppinghaus tirar fotografias. Depois tomar um refrigerante num bar antigo que tinha na João Gualberto, estávamos indo pra Travessa São Pedro, mais para cima, quando estávamos chegando em um Posto de Gasolina, o caminhão explodiu.

Não vimos, mas estávamos muito próximo. vimos a fumaça. Meu cão escapou de susto e tivemos que correr atrás.

Saiu todo mundo na rua e vimos o buraco que fez no asfalto. O caminhão se perdeu, mas o motorista se salvou.”

Decio Romano


“Estava estudando na casa da minha namorada (hoje esposa) , rua Bom Jesus com rua Recife, há três quadras do ocorrido, quando sai vi um cogumelo de fumaça, tremeu tudo, parecia uma bomba atômica.

Quando cheguei, vi várias pessoas correndo, o motor do caminhão estava na sacada de um prédio na rua São Pedro, vi também várias casas destelhadas e o buraco enorme no asfalto.”

Nelson Lobato


Naquela tarde ensolarada de 2 de setembro de 1976, Sueli estava na guarita de um estacionamento no Juvevê conversando com sua amiga Noemi.

Quando ela escutou a explosão saiu para o pátio e viu o gigante cogumelo e foi ate o local da explosão.

“Quando eu vi a explosão que ocorreu no Líbano, no início do mês de agosto deste ano, me lembrei do fato ocorrido de 1976, pois foi exatamente o que eu vi. O Cogumelo no ar o som da explosão e vidros dos apartamentos do Parque Pinheiros descendo como cascata

Ajudamos algumas vítimas e a encaminhamos ao Estádio do Atlético que foi quem acomodou os moradores que perderam suas casas.”

Sueli Ulandovski

Fontes:

-Folha de Londrina-03/09/1976

-Tribuna do Paraná-03/09/1976

-Diário do Paraná-03/09/1976

-Curitiba Hoje-03/09/1976

Biblioteca Pública-Divisão de Documentação Paranaense – Canisio M. Morch-Chefe de sessão e Blessane Petters-Estagiaria.

Dinamite Uma tragédia em Curitiba – Autora: Anna Carolina Azevedo

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