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QUARENTA E CINCO ANOS DEPOIS...

E AS LEMBRANÇAS AINDA RONDAM O BAIRRO CABRAL




Em 2 de setembro de 1976, um caminhão Mercedes placa CR-4362 de Curitiba, da Expresso Catarinense, sai do galpão da firma Comercial PolParaná, em Colombo, para mais uma tarefa, levar 1555 quilos de dinamite e 600 quilos de cola inflável até a Companhia de Cimento Portland, localizada em ItajaÍ Santa Catarina. Aquela missão tinha como assistente Ademar dos Santos e Edson Galvão e para dirigir o caminhão Donato Taborda.



Chegando no sinaleiro da Rua São Luiz no bairro Cabral, notou fumaça na carroceria, vendo a gravidade do problema entrou em um comércio para ligar para os bombeiros, porém não teve tempo e o caminhão explodiu, as 16h 40m minutos. Sete minutos depois os bombeiros chegaram e encontraram uma cratera de três metros e meio de diâmetro com profundidade de 4 metros, onde estava o caminhão que se desintegrou, todos os prédios e residências num raio de quinhentos metros ficaram destruídos e cerca de 200 pessoas feridas, duas mortas e um prejuízo de 20 milhões de cruzeiros.


Saul Raiz-Prefeito da época-Foto Google

AUTORIDADES: Em 1976, o então Presidente da República Ernesto Geisel, quando soube do ocorrido, telefonou para o Governador do Estado do Paraná, na época, Jayme Canet. Ele manifestou sua solidariedade à população de Curitiba, querendo saber de todos os detalhes, suas consequências, números de vítimas e desabrigados da explosão ocorrido no dia anterior. No momento da explosão o então Prefeito Saul Raiz estava na Secretaria da Agricultura, onde o abalo foi sentido, indo em seguida ao local, encontrar se com o Secretário de Segurança, um repórter perguntou o quem caberia ressarcir os prejuízos e ele respondeu " Isso é todo um processo que ainda não temos condições de equacionar. ”


Providencias foram tomadas na época, pelo Governo do Estado e Prefeitura Municipal. O Prefeito Saul Raiz com a ajuda do Governo Estadual prometeu reconstruir todas as casas destruídas e a Secretaria da Saúde e Bem Estar se prontificou a ajudar as vítimas com remédios e assistência médica. Como era época de eleição para a Câmara Municipal, muitos candidatos se aproveitaram do problema, prometendo resolver tudo, mas os moradores estavam céticos quanto a ajuda dois políticos.


PARQUE PINHEIROS: Um conjunto de edifícios residenciais, com aproximadamente 186 famílias, chamado Parque Pinheiros e que fica a 500 metros da explosão viveram momentos dramáticos. Na hora da explosão várias pessoas foram lançadas ao chão, pelo deslocamento de ar e certa de 70% dos vidros dos edifícios foram quebrados.


No ano de 1976 existia um jardim de infância perto do Parque Pinheiros, com cerca de 40 crianças, porém na hora do ocorrido elas estavam no recreio e não tiveram nenhum tipo de ferimento, mesmo assim todos os vidros do Jardim de Infância foram quebrados.


SE ISSO FOSSE NO CENTRO: O destino do caminhão com dinamite era Santa Catarina e teria obrigatoriamente que cortar a capital, passando pelo centro da cidade, parando na Rua João Negrão nas lojas Hermes Macedo, onde a carga seria completada. Segundo declarações da época, o Diretor do Instituto da Polícia Técnica Arlindo Blume comentou "os danos teriam sido incalculáveis se a explosão tivesse sido no centro da cidade".


Em 1976 o bairro Cabral era muito pouco habitado, os espaços eram livres, o raio da explosão foi de três quilômetros, se isso ocorresse no centro a destruição teria sido por quatro ou cinco quarteirões, devido ao vácuo e efeito da explosão se espalharem.



DEFESA CIVIL: A explosão do caminhão foi um dos motivos para a criação da Defesa Civil de Curitiba. O órgão, que não existia em 1976, foi estabelecido pela Lei Municipal nº 6725, de 18 de setembro de 1985. O responsável pelo texto foi o coronel René Roberto Witek, que, na época da tragédia, fez parte da equipe que socorreu os feridos.


CURITIBA 1913 E 1937: Em 1º de julho de 1913, um fato semelhante, mas com consequências maiores, ocorreu na Praça Eufrásio Correa, quando uma explosão abalou a pequena cidade de Curitiba. Na estação ferroviária situada na Praça Eufrásio Correia, soldados descarregavam de duas carroças militares explosivos, que seriam transportados por trem até Roça Nova, entretanto 26 tambores de explosivos estouraram e tiraram a vida de 18 pessoas.


Em 1937 uma explosão na Fábrica de Fogos, atrás do Café Paiva, na Comendador Araújo, também foi motivo de grande alvoroço em Curitiba.



"Em dia 02 de setembro de 1976, eu juntamente com minha irmã Vilma, estávamos no ônibus levando meu filho Robson, com seis meses na época, para uma consulta no pediatra, próximo ao Hospital São Lucas. De dentro do ônibus ouvimos um estrondo ensurdecedor que até sentimos o ônibus chacoalhar. Chegando na Clínica, as consultas agendadas foram todas demarcadas, pois os médicos teriam que atender os feridos do acidente, que me lembro até hoje foram muitos, por volta de 80 pessoas e se não me engano teve 2 mortos. Foi uma correria só!" Matilde Venzke



“No começo, os vizinhos achavam que era um prédio do Parque Pinheiro (conjunto residencial), depois outros falavam que foi um caldeirão da Lucinda (antiga fábrica de bolachas que tinha no bairro) e logo depois veio notícia que era um caminhão com dinamite.

Na época eu tinha um comercio embaixo e morava em cima e era o Bar do Gaúcho, situado nas esquinas das Ruas Marechal Mallet com Manoel Eufrásio.

A explosão fez com que todos os vidros da minha casa, do meu vizinho (Kurt) e de várias outras casas da região quebrassem.

Waldomiro Debastiani (Gaúcho – ex. proprietário do Bar do Gaúcho)




Silvana Millek, contou que na época, com 13 anos de idade, estudava no antigo Colégio Tiradentes, atual Professor Loureiro Fernandes.

“Nós estávamos na aula de artes e quando houve a explosão, nós vimos pela janela aquele cogumelo de fogo e o lustre da sala caiu. Todos saíram correndo e desesperado de sala de aula. Chegando em casa a primeira coisa que vi foi a parede da minha casa no chão e a casa toda destelhada.

Minha irmã mais nova, estava dormindo e quando acordou viu tudo quebrado e a parede da cozinha no chão, quando olhou para mim e disse: a mãe não para em casa e quebraram tudo.” Silvana Millek


Fonte: Redação


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