“Desde pequena sempre sonhei em fazer algo a mais pelo ser humano e agora estou tendo essa oportunidade. Cada dia é uma descoberta, e com essa pandemia que aumenta ainda mais a convivência, estamos sempre aplicando novas estratégias”, conta Irene.
Foto: Arquivo Pessoal
Casada há 29 anos e mãe de uma adolescente de 16 anos, Irene (que prefere não se identificar) e a família sentiram que têm amor de sobra para além do núcleo familiar.
Decidiram então se inscrever no programa Família Acolhedora, que organiza o acolhimento de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar, por meio de medida protetiva.
Depois de um período de capacitação exigido pelo programa e de muitos preparativos, se tornaram a primeira família em Curitiba a receber uma criança do Família Acolhedora.
A Tabela de Combinados é um dos aprendizados que veio do curso de capacitação e que ela tem usado em casa com a nova integrante da família, tornando o convívio mais harmonioso, uma vez que tanto a criança, quanto a família, possuem hábitos diferentes.
Modelo humanizado
O Família Acolhedora é fruto de uma parceria entre a Fundação de Ação Social (FAS) e a Associação Cristã de Assistência Social (Acridas), atende crianças e adolescentes com faixa etária entre 0 a 18 anos, que estão em medida de proteção por terem sido vítimas de alguma violação de direitos, como negligência, abandono ou violências física, sexual e psicológica.
Antes as vítimas eram encaminhadas para instituições, agora o novo modelo permite que crianças e adolescentes possam manter vínculo familiar ao mesmo tempo em que são protegidos.
Preparação
Atualmente, cinco famílias estão habilitadas a receber crianças ou adolescentes e outras estão em processo de capacitação. Além da capacitação, as famílias passam por avaliações psicológicas e psiquiátricas, cadastramento, para só então ter autorização de acolher uma criança ou adolescente encaminhados pela Justiça.
Todo o trabalho é supervisionado pelas equipes técnicas do município e do Poder Judiciário. As famílias acolhedoras recebem um subsídio financeiro (bolsa-auxílio) de R$ 998.
Critérios
Para ser uma família acolhedora é preciso cumprir alguns requisitos: ter mais que 21 anos, morar em Curitiba, ter estabilidade financeira, boa saúde física e mental.
“Neste momento de pandemia do novo coronavírus nós estamos fazendo a capacitação on-line em uma plataforma de cursos, e após a pandemia realizaremos visitas domiciliares e levantamento das documentações”, explica Thaís.
O interessado não poder estar no Cadastro Nacional de Adoção, ter passado por luto recente, ter problemas com uso de álcool ou outras drogas, além de pendências com a Justiça ou Conselho Tutelar.
Como o família acolhedora não é adoção, os participantes são informados que a criança ou adolescente acolhido ficará temporariamente em suas casas, por até 18 meses. A modalidade de família acolhedora é garantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
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