Quando 2020 começou, cada um de nós tinha projetos em andamento. Para alguns o objetivo era um novo emprego ou uma promoção. Para outros, o casamento, a formatura, ou a viagem dos sonhos.
Estudantes normalmente ansiosos pelo final do período, do curso, ou pensando no vestibular e outros desafios.
Mas nada disso aconteceu. As empresas que sobreviveram não contrataram e nem promoveram. Os casais até disseram sim, mas com pouquíssimas testemunhas. As formaturas foram tímidas e as viagens praticamente canceladas. Tudo parou.
Textos como este, você deve ter lido muitas vezes durante este período.
Muito óbvio ver o lado ruim das coisas, assim como fazem a maioria dos veículos de comunicação. A pauta sempre é a tragédia. O foco está, costumeiramente em números de mortes, de empresas fechadas, de desemprego, e pior, há sempre a intenção de colocar o país como pior de todos, o estado abaixo da média nacional e a cidade, um ambiente terrível de se viver.
Mas quem consome esse conteúdo?
O problema não é a mídia. Veículos de comunicação são empresas que vivem do lucro. E investem no que vende mais. Ou seja, a pandemia foi um prato cheio para os incentivadores do “hard news”.
Com mais de 500 mil mortes na estatística, impossível não se comover, mas e os que se curaram? E os que diante de tudo não foram infectados?
E as empresas que sobreviveram? E todo o sistema que não parou?
Todos os dias temos a possibilidade de ser otimistas ou pessimistas. De acreditar que é possível ou simplesmente desistir. As vezes, desistir não é deixar de tomar atitudes. Desistir pode ser apenas perder a vontade de vencer.
Esse novo momento pode ser decisivo para o que seremos daqui em diante. Uma nação de ranzinzas, críticos e desesperançosos, ou um povo que sofreu perdas mas que vence a cada dia acreditando sempre que o melhor está por vir.
Essa escolha é individual e não tem nada a ver com religião, partido político ou com a classe social.
O desejo de ser melhor deve ser como o brilho dos olhos. O brilho que reflete no espelho e nos inspira a cada manhã a nunca mais sermos os mesmos.
Márcio Barros é jornalista e vereador em Curitiba
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