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O OCASO DA LAVA JATO

BASTA DE EXTREMISMOS. OS RADICAIS SE IGUALAM PELO DISCURSO DESTRUTIVO DE ÓDIO E INTOLERÂNCIA. A DEMOCRACIA EXIGE PLURALIDADE, RESPEITO E DIÁLOGO

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Prezados leitores, hoje vamos tocar num ponto muito sensível para todos que estiveram apoiando e tendo esperanças na Operação Lava Jato.


Dia 16 de março esta operação completou 7 anos de existência, mas infelizmente não tivemos o que comemorar. Fizemos uma live histórica com os doutores Jorge Pontes da PF e Carlos Fernando Procurador aposentado, que foi da Força Tarefa de Curitiba. Ao longo da live eles construíram uma narrativa desoladora sobre o futuro, não só da operação, como dos principais envolvidos nela.


Em 2014 quando ouvimos falar de Lava Jato achamos que seria mais uma daquelas operações em que a polícia prende e o juiz solta, principalmente se envolvesse pessoas poderosas, era como um filme antigo que todos já conheciam o final triste e infeliz. Porém para nossa surpresa entrava em cena um jovem e desconhecido juiz federal que chamou para si a responsabilidade de mudar os rumos de casos do colarinho branco. Em pouco tempo, os presos pela Polícia Federal, que chegavam cheios de arrogância e prepotência, acreditando que nada aconteceria, foram perdendo suas poses e percebendo que o jogo estava virando.


Dia após dia, operação após operação, ao invés de assistirmos celas sendo esvaziadas víamos celas cada vez mais cheias de pessoas de todos os rótulos políticos, pessoas influentes e ricos empreiteiros foram se “hospedar” em Santa Cândida, tranquilo bairro de Curitiba.


Esses acontecimentos despertaram na população, nos cidadãos mais comuns e anônimos uma esperança de que desta vez a justiça não seria seletiva, seria realmente igual para todos.


Com isso, pessoas foram se juntando, movimentos foram se criando movidos por uma esperança e uma indignação forte, que ia aumentando a cada coletiva de Imprensa, onde eram passados os nomes e os números dos muitos desvios de dinheiro público, oriundos da espoliação que vinha sendo praticada dentro da Petrobrás durante anos, envolvendo poderosos e políticos de várias cores partidárias. Demonstrava-se a cada etapa vencida uma corrupção “sistêmica e endêmica” como afirmou o juiz Sergio Moro, que estava responsável pelo caso.


Os brasileiros, ainda atônitos com tanta roubalheira e cinismo dos presos, começaram a acreditar que se inaugurava uma nova época no Brasil; a Justiça passaria a valer para todos em todos os níveis. Corrupção não seria mais uma brincadeira com o dinheiro público.


Passamos dias, meses e anos apoiando e incentivando esses novos heróis no combate à corrupção, fizemos inúmeras ações, manifestações, carreatas para mostrar ao governo da presidenta Dilma que não mais seria tolerado o roubo institucionalizado.


Com muito, esforço, suor e desgaste conseguimos derrubar a presidenta incompetente e partíamos para colocar na prisão o mentor de toda a organização criminosa que havia em Brasília.


Outra vez, assistimos pasmos às tentativas de eximir de culpa o arquiteto da quadrilha; mas desta vez a Força Tarefa e o juiz da 13ª Vara Federal, o agora famoso Dr. Moro, colocavam no banco dos réus, o sr. Luis Inácio Lula da Silva; que fez um grande circo para inibir a justiça e os procuradores, numa tentativa desesperada de se livrar da cadeia.


E o dia mais inesperado da História chegou: 07 de abril de 2018, depois de se esconder no sindicato em São Bernardo, o Sr. Lula chegou a Curitiba e foi recebido por uma multidão de brasileiros que “precisava ver para crer”, que um presidente iria para o xilindró.


Veio as eleições de 2018 e Bolsonaro, utilizando-se de nossas pautas e prometendo aquilo que queríamos escutar se elegeu com a missão de recolocar o Brasil no rumo certo e o Brasil do futuro, iria ser o Brasil do Presente. Lamentavelmente nossas esperanças duraram pouco e em agosto de 2019 vimos a 1ª tentativa de enfraquecer a PF para proteger o filho 01, acusado de vários crimes, como desvios de dinheiro, as chamadas “rachadinhas” e associação com as mlicias. Depois veio a nomeação de um PGR totalmente fora das regras e com um histórico de partidarismo explícito: Augusto Aras, entrava para a PGR com a missão de destruir a Lava Jato e penalizar os atores da maior operação de combate à corrupção do planeta.


No Congresso todas as tentativas de fortalecer o combate à corrupção foram caindo uma a uma e a reação viria com o fim da prisão em 2ª instância, o juiz de garantias, a continuidade do Foro Privilegiado e etc etc....


O governo Bolsonaro ia destruindo tudo aquilo que impedia qualquer ação que chegasse perto de sua família, agora já totalmente envolta em atos ilícitos e associados aos milicianos representados pelo, agora famoso, Queiroz.


E assim assistimos a derrocada de tudo aquilo pelo qual tanto lutamos, a desesperança tomou conta de muitos que haviam lutado por um Brasil ético, moral e probo.


A Pandemia encarcerou os brasileiros que indignados gostariam de ir às ruas bradar por mais um Fora Corrupto, como já tínhamos feito em anos anteriores. Mesmo assim fizemos carreatas mostrando o restinho de forças que ainda tínhamos, mas a pandemia alastrou-se e com a morte de milhares de brasileiros só nos restam as redes sociais para protestar contra este estelionato eleitoral, do qual fomos e somos vítimas.


O golpe de misericórdia veio em 2021 quando Augusto Aras extinguiu as Forças Tarefas e o STF começou a perseguir todos aqueles que ousaram desafiar o Mecanismo e tocar nos “impuníveis” dos diversos poderes da República, aqueles mesmos que se revelaram coniventes com os esquemas de roubo, seja por omissão ou ação.


Agora resta ter esperança, de que em 2022 tenhamos uma Terceira Via, que traga equilíbrio, honestidade e vontade concreta de recolocar o Brasil nos trilhos e tirá-lo do atoleiro moral e econômico em que está se afogando.


Para entender melhor o assunto leia: Crime.Gov dos delegados Jorge Pontes e Márcio Anselmo.

Narli Resende: Professora de História e ativista do Movimento Curitiba Contra a Corrupção (CCC)

*Esse Artigo não representa necessariamente a opinião do site

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