Tudo o que é cultivado na Horta Urbana da Associação Santa Luísa de Marillac é compartilhado com os moradores da região, em especial as famílias que vivem na Vila Torres.
Foto: Levy Ferreira/SMCS
Um oásis verde, repleto de hortaliças, entre casas, barracões, prédios de estudantes universitários e o campus da PUCPR. No bairro Prado Velho, está aquela que é a horta urbana mais central de Curitiba. Mas, não bastasse este ineditismo, o local ainda é cultivado apenas por mulheres que têm acesso à alimentação saudável.
A horta do Prado Velho foi criada em 2017, no início da segunda gestão do prefeito Rafael Greca, dentro de um terreno particular por iniciativa das integrantes da Associação Santa Luísa de Marillac, ligada à Paróquia São João Batista. O proprietário cedeu espaço em comodato para a Prefeitura, que repassou para a associação. Já a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN) é responsável por fornecer os insumos e assistência técnica.
Na local de 300 metros quadrados, 18 mulheres, muitas delas moradoras da Vila Torres, plantam, cultivam e colhem cerca de 80 espécies de hortaliças. "Mas, por conta da pandemia, neste momento, estamos com apenas algumas trabalhando na horta. Mas até o fim do ano esperamos poder chamar todas de volta", conta Regina Maria de Oliveira, presidente da Associação Santa Luísa de Marillac.
Apesar de não estarem colocando mão na terra, as agricultoras urbanas que não estão trabalhando no cultivo recebem periodicamente uma sacola com alface, couve, almerão, salsinha e outros temperos.
Segundo a presidente da Associação Santa Luísa de Marillac, mesmo quem não é agricultor no local acaba ganhando uma sacola.
"Não podemos negar alimento para quem precisa", garante ela, que ainda coordena uma ação da entidade de distribuição de cestas básicas para famílias da Vila Torres. "Inclusive, muitas vezes, com itens do Banco de Alimentos e Armazéns da Família da Prefeitura", revela.
Bem-estar
Além de garantir alimentação saudável, a horta da Associação Santa Luísa de Marillac traz outros benefícios para as agricultoras urbanas.
"O espaço conecta histórias e resgata memórias afetivas, muito importantes para a maioria das participantes que são idosas", salienta Luiz Gusi, secretário municipal de segurança alimentar e nutricional.
“Ali tem alface, couve e até peixinho, uma panc (Planta Alimentícia Não Convencional), sem falar naqueles temperos", mostra com orgulho a professora aposentada Maria Mazon Buratto, 80 anos, uma das poucas agricultoras urbanas que atualmente cultivam e colhem na horta do Prado Velho. Segundo ela, a ida diária ao local é uma verdadeira terapia. "A gente conversa, mexe com a terra e ainda sai daqui com hortaliças para nosso almoço ou jantar", afirma ela.
A dona de casa Inês Munado, 71 anos, é companheira frequente de Maria Mazon no plantio e distribuição das hortaliças para os moradores da região. Segundo ela, o trabalho na horta da Associação Santa Luísa de Marillac é uma viagem ao passado. "Eu resgato minhas memorias de infância e juventude, quando morava em Videira (SC) e Cascavel, no interior do Paraná. Quando coloco as mãos na terra eu me vejo lá atrás, no sítio, e isso me deixa feliz”, explica.
Programa
A Prefeitura de Curitiba dá apoio, através da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar (SMSAN), a 100 horas urbanas da capital, entre comunitárias, escolares e institucionais (em asilos e casas de recuperação de dependentes, por exemplo). As áreas de cultivo ocupam 157,5 mil metros quadrados, com 5,7 mil produtores participando diretamente do plantio e 17,9 mil pessoas sendo beneficiadas com os alimentos (entre agricutores, familiares e vizinhos). A maioria se espalha em bairros como CIC, Alto Boqueirão, Tatuquara, Caximba, Campo do Santana, Sítio Cercado e Cajuru.
Fonte: PMC
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