FURA-FILAS: DESESPERO OU PODER?

O início da vacinação contra a covid-19 no Brasil fez com que nos víssemos pela ótica de grupos. Algumas pessoas receberão vacina muito antes que outras, isso porque existem profissionais que se expõem muito mais ao vírus que outros, idades e grupos de risco que poderão viver muito mais tranquilos com a aplicação da vacina.

Ocorre que, com essa divisão de grupos chegam também aqueles que, acreditam ter poder de furar filas em detrimento de outras pessoas.

No Estado do Paraná o número de denúncias envolvendo os fura-filas é muito grande. Até dia 11/02 foram registradas 207 denúncias, é o que mostram os dados da página Paraná Sem Fura-Fila. Curitiba, por sua vez, apresenta 20% dos números de denúncias do Estado.

Para tentar coibir o número de fura-filas, a Câmara Municipal de Curitiba aprovou na última quinta-feira (11), em segundo turno, projeto de lei que visa multar qualquer pessoa que furar fila na vacinação contra covid-19. O projeto foi apresentado pelo Professor Euler, do PSD.

Neste, é prevista multa entre R$ 5.000 e R$ 150.000 a todos que forem vacinados fora do tempo estabelecido.

O intuito é justamente diminuir os casos de fura-filas, independente de quem tenha cometido o feito. Como foi o caso do Prefeito de Itabi, em Sergipe, que se vacinou antes do seu momento.

Casos como esses são cada vez mais comuns, os números de fura-filas somem constantemente. O que nos leva a questionar o porquê algumas pessoas, acreditam possuir uma vida mais valiosa que outras.

A pandemia evidenciou a desigualdade social, mas não podemos deixar que esta se evidencie na vacinação. Por isso, enquanto cidadãos, devemos acreditar na ciência e defender a vacinação através do Sistema Único de Saúde, para que todos possam ser vacinados, independentemente das condições financeiras ou de poder, para que assim, possamos voltar a viver no ambiente que estávamos acostumados.

Camilla Gonda, estudante de Direito PUCPR e Ciências Sociais UFPR, pesquisadora em Ciência Política pela UFPR.