Em plenário, vereadores fazem desagravo às igrejas evangélicas
- Jornal do Juvevê
- 18 de fev. de 2021
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Pelo terceiro dia consecutivo nesta semana, diferentes vereadores fizeram desagravos às igrejas e criticaram as declarações de Renato Freitas feitas no dia 10 de fevereiro.

Foto: CMC/Rodrigo Fonseca
Nesta quarta-feira (17), vereadores de Curitiba usaram diferentes espaços da sessão plenária para fazerem um desagravo às igrejas evangélicas e defenderem a liberdade de religião.
Pastor Marciano Alves (Republicanos), Ezequias Barros (PMB), João da 5 Irmãos (PSL) e Denian Couto (Pode) criticaram as declarações feitas por Renato Freitas (PT), que no dia 10 de fevereiro, durante o debate sobre o acolhimento de menores em comunidades terapêuticas, teria associado o trabalho destas entidades à sustentabilidade financeira das instituições religiosas.
Ao informar à Freitas que representa mais de 100 igrejas pequenas, médias e grandes da capital que, antes da sua eleição, não tinham representação na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), Ezequias Barros afirmou que o discurso do colega “constrangeu muita gente”, foi um “ataque preconceituoso à igreja” e representa desconhecimento do trabalho das igrejas e das comunidades terapêuticas. Além disso, orientou ao parlamentar que se refira à ele como vereador e não citasse a palavra “pastores” de forma pejorativa. “Para minha igreja eu sou pastor sim. Com muita honra foi me dada essa condição”, completou o vereador do PMB.
Pastor Marciano Alves e Denian Couto lembraram que a liberdade de crença e religiosa estão garantidas pela Constituição Federal de 1988 e tratados internacionais, como o Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos - CADH), de 1969, que entrou em vigor no Brasil em 1992. “Todo e qualquer ataque, toda e qualquer forma de preconceito à liberdade de crença e religiosa é um comportamento que acaba por violar aquilo que devemos nos orgulhar, de sermos um país plural, fundado no regime das liberdades.
“A instituição religiosa é uma instituição séria, constituída por Deus. Temos respaldo da nossa Constituição. A própria Constituição vê e enxerga esse direito. Exigimos respeito em relação à igreja, que faz seu papel com dignidade, com excelência”, declarou Marciano Alves, ao classificar a fala de Renato Freitas como “agressiva” em relação “ao trabalho brilhante da igreja aqui em Curitiba”. “Precisamos de respeito nesta Casa. O Estado é laico, temos que respeitar isso, mas também é preciso coerência e respeito no debate”, emendou João da 5 Irmãos, ao também repudiar as declarações de Freitas.
Declarações reforçadas Em resposta, Renato Freitas disse que, mesmo sendo cristão – afirmação já dada por ele na semana passada –, não tem problemas em “fazer enfrentamento às pequenas igrejas, grandes negócios, como nos diz o pastor Ezequias”. Ele criticou o que chama de “teologia da prosperidade” que, segundo ele “indica que aquele que tem dinheiro é que é agraciado por Deus e que aquele que sofre em miséria, sem casa, sem condições dignas de vida, está em pecado”.
“Essa Casa não é uma Casa de discussão religiosa. O que iniciou essa discussão foram as comunidades terapêuticas. E elas receberam R$ 300 milhões pelo Ministério da Cidadania em 2020, sem especializações, dispensando estrutura necessária, com muitos relatos de violência, tortura e discriminação. Enquanto que os CAPS [Centro de Atendimento Psicossocial], equipamentos públicos de qualidade, receberam R$ 150 milhões. É disso que trata e é disso que deve se tratar uma discussão na Câmara”, completou Freitas.
Terceiro dia consecutivo Só nesta semana, este foi o terceiro dia consecutivo em que diferentes vereadores fizeram desagravos às igrejas e criticaram as declarações do vereador do PT. Na segunda-feira (15), além de Ezequias Barros, Osias Moraes (Republicanos) disse que as palavras de Freitas incentivam o preconceito contra os cristãos; e Sargento Tânia Guerreiro (PSL) pediu que os parlamentares visitem as igrejas, para entender o trabalho social que elas realizam. Já na terça-feira (16), Moraes novamente voltou a se posicionar sobre o tema e foi seguido por Noemia Rocha (MDB), que justificou que a maioria das comunidades terapêuticas está ligada às igrejas porque o “poder público não tem dinheiro” para fazer este tipo de atendimento, “não tem competência para tratar esses jovens”.
Fonte: CMC
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