E O PRESÍDIO FOI DEMOLIDO
- Jornal do Juvevê
- 30 de out. de 2020
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Há 108 anos, iniciava-se nesta Capital, um espaço que há muito reclamado pelas autoridades, tanto do período Provincial quanto do Republicano e também pela população, da pacata e conservadora Curitiba.
Precisamente no dia 23 de setembro de 1908, nascia a primeira Penitenciária do Estado, cuja certidão de nascimento, foi homologada pelo Decreto 564 desta mesma data, pelo então Presidente do Estado Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva.
Os problemas nas cadeias Públicas do Paraná vêm desde a época da monarquia.
A falta de higiene, as doenças, a insalubridade, eram e continuam sendo características de quase todas as cadeias no nosso Estado. No ano de 1888, somente a cadeia da Lapa era a exceção.

No ano de 1857, a primeira intervenção da constituição, previu-se um espaço para se fazer uma Penitenciaria no Paraná.
Somente em 1880 as primeiras providências foram tomadas e reservou-se um espaço (onde hoje é o Parque São Lourenço), para iniciar as obras de uma Penitenciaria.
No dia 2 de junho de 1880, Dom Pedro II chegou a Curitiba para a inauguração da pedra fundamental, mas por vários motivos esta obra foi cancelada.
Por anos a fio, os curitibanos reclamavam da construção de uma penitenciária na capital. A única que tinha que ficava perto da antiga Prefeitura e estava superlotada, problema este que existe até hoje.
No ano de 1896, iniciou-se a construção do prédio do Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz, no bairro do Ahú, sendo inaugurado em 1903.
Os roubos, assaltos e crimes continuavam na capital paranaense e a população estava cada dia mais preocupada com a superlotação do pequeno presídio perto da antiga Prefeitura.
Em 28 de março de 1905, o Governo Estadual fez um contrato com Hospital Psiquiátrico, comprando o prédio para transformar em uma penitenciária.
Os primeiros presos que inauguraram a Penitenciária do Estado no dia 14 de janeiro de 1909, foram: Estevão Pereira dos Santos, Zacarias da Luz Camargo, Pedro Hermenegildo de Abreu e Sebastião Alves Rosa.

No início, ficavam presos, homens, mulheres e adolescentes, todos juntos (54 homens e 7 mulheres), em 1925, a Casa de Detenção, que funcionava junto com a Penitenciária do Estado, foi desmembrada e em 1933, ela voltou para a Penitenciária do Estado.
No ano de 1954, a Penitenciária do Estado, passou a se chamar Prisão Provisória de Curitiba.
Um dos motivos da retirada dos presos do Ahú foi para centralizar o sistema penitenciário,
O Prédio da extinta Prisão Provisória de Curitiba, pertence ao Tribunal de Justiça, que lá irá fazer o Núcleo Judiciário.
CASOS DE ARREPIAR
Lendas do Presídio do Ahú
Em 1988, eu era criança e a minha família mudou – se para um bairro chamado Cabral localizado na cidade de Curitiba. Da minha rua dava para ver o presídio do Ahú, cuja a construção parecia uma mansão de novela de época. Todas as tardes eu admirava a arquitetura daquele prédio.
Na frente da minha casa, havia um prédio chamado Garça Real, onde as pessoas diziam que morava uma mística chamada Leo. Um dia, eu estava admirando a construção do presídio, na frente da minha casa, e uma senhora falou: - Olhando para o presídio, né?! Assim eu respondi: - Sim ... então a mulher comentou:
- Meu nome é Leo e sei que aquele presídio é mal-assombrado. - Diz a lenda que ele foi construído em 1905 por intermédio de uma seita de magia. Por isto este local possui passagens e porões secretos. Falam que nestes porões, pessoas da alta sociedade executavam rituais místicos.
- A lenda, também, diz que toda a sexta – feira santa, à meia noite, se você parar em frente ao presídio poderá ver e conversar com os espíritos dos presos que morreram dentro dele. - Há uma história que fala que, numa noite, um dos presos fez a brincadeira do copo dentro da cela e surgiram almas dos presos que faleceram lá. Na manhã seguinte, todos os presidiários que participaram deste jogo macabro amanheceram mortos misteriosamente.
No ano de 2007, lendo um jornal da cidade em que moro, descobri que o presídio do Ahú foi desativado e que, realmente, acharam túneis secretos neste local depois da sua desativação.
Luciana do Rocio Mallon
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