E o Paraná perdeu uma grande liderança
- Jornal do Juvevê
- 16 de mar. de 2021
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Morre, aos 88 anos, Euclides Scalco, mais uma vítima da Covid-19 no Paraná

Foto: Google
O ex-deputado tucano Euclides Scalco morreu nesta terça-feira, 16, aos 89 anos.
A informação foi confirmada por colegas de partido. Euclides Girolamo Scalco era natural de Nova Prata, município do Rio Grande do Sul. Formado em Farmácia ele era filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Scalco era casado com Terezinha Marcolin Scalco, com quem teve quatro filhos.
Cursou o ginasial no Colégio Imaculada Conceição em Guaporé (RS), concluindo o curso científico no Colégio Rosário, em Porto Alegre, em 1951. No mesmo ano ingressou no curso de farmácia-química na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, concluído em 1954. Após se formar, exerceu a profissão de farmacêutico-químico e foi proprietário de farmácias em Mussum (RS) e Bento Gonçalves (RS).
Em 1959 transferiu-se para o município de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, onde foi dono da farmácia São Vicente de Paula (1959-1975) e, posteriormente, da policlínica do mesmo nome (1968-1975).
A vida pública de Scalco foi no diretório municipal do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Francisco Beltrão (1960-1962), município no qual se elegeu vereador (1960-1962) e, em seguida, prefeito (1963-1964), sempre na legenda do PTB. Depois do término de seu mandato de prefeito, atuou em movimentos de trabalhadores rurais ligados à Igreja Católica, militando na Juventude Agrária Católica (JAC) e participando do trabalho de catequese familiar. Foi assessor da Associação de Estudos de Orientação e Assistência Rural na região de Francisco Beltrão, entidade da qual seria presidente de 1967 a 1970.
Após o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart, e com a extinção dos antigos partidos políticos em consequência do Ato Institucional nº 2 (27/10/1965), foi um dos fundadores, em 1966, da seção paranaense do partido oposicionista, Movimento Democrático Brasileiro (MDB), por cuja legenda foi eleito novamente vereador em Francisco Beltrão, tendo exercido o mandato até 1969. Nesse período, foi secretário do diretório municipal do MDB na cidade (1966-1970) e desempenhou intensa atividade de organização do partido no sudoeste do Paraná.
Em novembro de 1974 elegeu-se suplente do senador Francisco Leite Chaves na legenda do MDB, sendo escolhido em seguida presidente do diretório regional do partido no Paraná, cargo que exerceu de 1975 a 1979. No pleito de novembro de 1978 elegeu-se deputado federal pelo MDB, filiando-se à agremiação que o sucedeu, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), após a extinção do bipartidarismo no final de 1979. Exerceu o mandato até março de 1983.
Reeleito em novembro de 1982 pelo PMDB, iniciou novo mandato em fevereiro do ano seguinte. Logo em seguida, porém, licenciou-se para exercer o cargo de chefe da Casa Civil (1983-1986) do governador paranaense José Richa, a quem era politicamente ligado desde o início dos anos 1970.
Nas eleições de 15 de novembro de 1986, elegeu-se deputado federal constituinte pelo PMDB paranaense. Empossado em 1º de fevereiro de 1987, quando foram abertos os trabalhos da Assembleia Constituinte.
Primeiro vice-líder do PMDB, desempenhou papel de destaque nas articulações políticas durante a Constituinte, tendo sido um dos líderes do “grupo do consenso”, um dos agrupamentos suprapartidários formados no processo constituinte, reunindo parlamentares de centro-esquerda com o objetivo de defender propostas de conteúdo social e democrático na nova Constituição.
Manifestou-se contrariamente à pena de morte, à jornada semanal de 40 horas, ao presidencialismo, à estatização do sistema financeiro e ao mandato de cinco anos para Sarney. Destacou-se por sua postura nacionalista e por sua defesa da reforma agrária, não obstante ser proprietário de terras no interior do Paraná.
"Lamento a perda dessa que foi uma importante figura da história da política no Paraná, muito embora nem sempre estivemos alinhados ideologicamente ao longo de sua trajetória. É preciso reconhecer sua relevância!"-Deputado Estadual MDB Requião Filho
Foi autor da proposta, aprovada, da jornada de trabalho de 44 horas semanais.
Quase ao término dos trabalhos constituintes, em junho de 1988, ao lado de outros peemedebistas como Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro, José Serra, Pimenta da Veiga, João Gilberto e José Richa, foi um dos principais organizadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tendo sido secretário-geral de sua comissão provisória nacional e, logo a seguir, eleito na convenção de fundação do partido secretário-geral de sua primeira Executiva Nacional.
Em outubro de 1990, foi candidato a vice-governador do Paraná na chapa do governador José Richa, que não passou para o segundo turno da eleição. José Carlos Martinez, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), e Roberto Requião, do PMDB, que acabou sendo eleito para o governo estadual, disputaram o segundo turno, realizado em novembro do mesmo ano. Exerceu o mandato até janeiro de 1991, após o que foi eleito vice-presidente do diretório nacional do PSDB, exercendo o cargo até 1993.
Em setembro de 1995, assumiu a diretoria-geral do lado brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional, em substituição a Francisco Gomide. Durante sua gestão foi promovida a renegociação da dívida de 16 bilhões de dólares da empresa com a Eletrobrás e batido o recorde mundial de produção de energia elétrica pela empresa, com 81,7 milhões de megawatts/hora em 1996.
Cogitado, em novembro do ano seguinte, para assumir o Ministério da Saúde, em junho de 1998 Scalco foi convidado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para assumir a coordenação política de sua campanha à reeleição. Inicialmente, Scalco recusou o convite, afirmando que não se refiliaria ao PSDB, mas em junho, acabou assumindo a tarefa.
Com a vitória do candidato do Partido dos Trabalhadores Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais de outubro de 2002 e o subsequente término do mandato de Fernando Henrique Cardoso em janeiro de 2003, Scalco retornou ao Paraná concentrando sua atuação na reorganização do PSDB no estado e procurando atrair e consolidar a presença no partido de novas lideranças emergentes a nível estadual.
Em julho de 2006 assumiu a coordenação do conselho político da campanha do senador Osmar Dias (PDT) ao governo para as eleições de outubro do mesmo ano.
Em maio de 2008 Scalco assumiu a coordenação geral da campanha de Beto Richa, de quem é padrinho de batismo, a reeleição para a prefeitura de Curitiba.
Como uma das figuras políticas mais respeitadas do Paraná, continuou a escrever artigos em jornais do estado e a ser referência para muitos líderes políticos na política estadual sendo sucessivas vezes cogitado para presidir o PSDB no estado. Foi homenageado pelos estudantes de farmácia da Universidade Estadual de Maringá, com a criação do Centro
Acadêmico de Farmácia Euclides Scalco (CAFES).
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