...Não se engane: não há nada de forte e vitorioso naquela mulher que tem a pele marcada por hematomas, cicatrizes, curativos. Não há heroínas resultantes de violências físicas.
Não há nada de corajoso ou resiliente naquela mulher que foi humilhada, desvalorizada moralmente, diminuída ou forçada a abandonar suas crenças e seus propósitos. Não há nada de poder ou invencibilidade, naquela mulher que foi taxada de louca, que foi conduzida a se anular com sua autoestima e que foi isolada de seus amigos e familiares. Não há heroínas resultantes de violência psicológica.
Não há nada de fantástico e perseverante em uma mulher que superou a exposição de sua vida íntima, como ato de vingança. Não há heroínas na violência moral.
Não há nada de incrível e estabilizador em uma mulher que teve seus objetos pessoais confiscados e inutilizados. Em uma mulher que teve seu dinheiro ou documentos pessoais controlados por terceiros. Não há heroínas na violência patrimonial.
Não há nada de lindo instinto de sobrevivência e amor próprio em uma mulher que foi obrigada em participar de ato sexual, de ter seu direito de prevenir ou seguir com uma gravidez por desejo do outro. Não há heroínas na violência sexual.
Tantas dores muitas vezes romantizadas, na tentativa de reconstruirmos nosso desejo de “vai ficar tudo bem”. Nem sempre fica bem, nem sempre fica bem rapidamente. O nosso desejo de querer que fique tudo bem, muitas vezes terá que permitir o choro, a angústia, a vergonha, o medo e a desorientação aparecerem. Geralmente, é só depois de permitirmos o drama que as heroínas podem lentamente a começar a crescer.
Um abraço,
Psicóloga Fabiana Witthoeft- CRP 08/08741
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