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Depoimento de uma vítima de violência

Jornal do Juvevê entrevistou uma vítima de violência doméstica e ela nos contou como era conviver com seu algoz.


Foto: Google

Poderia nos contar quais tipos de violência você viveu?

Estive em um relacionamento abusivo com um ex namorado e houve uma ocasião em que ele me proibiu de fazer aulas de dança. A atividade em questão, um hobbie que era tido como coisa de mulher vagabunda. O relacionamento era permeado por muita violência psicológica dentre outras situações que minavam minha autoestima e minha identidade enquanto pessoa. Não havia somente esta proibição havia controle em praticamente todas as áreas da minha vida e por vezes era levada a acreditar que seria incapaz conseguir fazer qualquer coisa sozinha, enfim viver sem o abusador. Sofria constantes ameaças, humilhações, chantagens, cobranças de comportamento, crítica por desempenho sexual, exploração, muitas vezes exploração financeira; por vezes era impedida de utilizar meu próprio dinheiro. Havia controle para não me deixar sair de casa, provocando o isolamento de pessoas amigas.


Como isso afetou a sua vida e o seu psicológico?

Como consequência, me sentia desvalorizada, sofria de ansiedade e adoecia com facilidade em certos momentos. Havia o controle da minha alimentação pois eu deveria manter uma aparência e um peso, controle de comportamento em situações sociais como por exemplo quando rir ou cumprimentar alguém. Inclusive que tipo de roupa e ou calçado usar e como usar o cabelo. Eu simplesmente não podia mais ser eu mesma. Tinha muita falta de energia pois vivia em função do outro, tive crises de pânico, uma profunda tristeza que culminaram em danos psicoemocionais e físicos tratados até hoje. Trouxe danos à minha autoestima, à minha identidade e ao meu desenvolvimento como pessoa, como mulher e até mesmo como advogada.


Como você saiu dessa violência?

A identificação da violência psicológica é bem difícil pois aparece diluída em atitudes aparentemente não relacionadas ao conceito de violência. Este tipo de violência se desenvolve em um processo silencioso, que progride sem ser identificado e evolui muitas vezes eclodindo na forma da violência física. E quando ela apareceu foi o momento crucial para eu fazer uma escolha.


A quem você recorreu para pedir ajuda?

Eu não sabia pedir ajuda. A violência psicológica é a violência mais sutil que temos e é bem difícil para a vítima entender a situação que está passando. Muitas vezes familiares e amigos defendem o abusador por entenderem como normal esse padrão de violência. Na maior parte das vezes existe a culpabilização da vítima, porém agradeço a minha psicóloga e terapeuta, as colegas da dança e alguns amigos que estiveram por perto compreendendo e me acolhendo.


E hoje como está sua vida?

Hoje estou livre deste relacionamento e em busca da minha melhor versão como ser humano, mulher e parte integrante da sociedade em que vivemos.


J.S Advogada




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