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DENTES E GENTES



Já fiz coisas horríveis

que me fizeram arrepender

amargamente...

Desejei minha própria morte,

inúmeras vezes,

aprisionado à mente,

sucumbindo à tortura

do remorso cotidiano

nesta sociedade impura.

Mas ainda assim, sobrevivi

ano após ano

à espera de alguma cura

que ainda não veio...


Envenenado pela ira

e cego pela vingança,

não ponderei o quanto

a energia negativa cansa

e não observei no espelho

que a cada dia eu perdia

mais da tão sonhada paz

e junto minha verdadeira face...

Quando feri quem não deveria,

sem perceber me isolei numa ilha

do meu próprio combate.

Se arrependimento matasse...


Em meio a ranger de dentes e gentes,

sei que não posso mudar o que fiz,

muito menos a opinião dos outros...

Mas posso talvez tentar me iludir

ou pelo menos estar proposto

a acreditar que um dia o tempo,

em meio a tanto contratempo,

me fará esquecer ou aprender

com toda dor e desgosto,

de modo que eu nunca mais cometa

os mesmos erros de novo...


(Igor Veiga / PERIGOR)

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