Setembro é o mês mundial de conscientização da Doença de Alzheimer. O Jornal do Juvevê conversou com Elizabeth Piovezan, para esclarecer algumas dúvidas a respeito dessa doença, ela que é Pedagoga, especialista em gerontologia, em neuropsicologia e Diretora Presidente do Instituto Alzheimer Brasil - IAB.
O que é Alzheimer?
Alzheimer é uma doença que afeta o cérebro há mais ou menos 20 anos antes de manifestar sinais. Por isso a chamam de doença silenciosa, pois ela evolui lentamente e em fases que não manifestam sintomas, dificultando às pessoas a procurem ajuda médica e receberem o diagnóstico mais precocemente e poderem tratar o mais cedo possível.
A doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela perda cognitiva (funções relacionadas ao aprendizado), especialmente da memória para acontecimentos recentes, dentre outras funções do pensamento além de mudanças de comportamento.
O que causa o Alzheimer?
A medicina ainda não sabe o que causa a doença de Alzheimer. A teoria mais forte na literatura científica que se tem até o momento é que o Alzheimer causa lesões no cérebro, devido ao acúmulo de pedaços da proteína beta amiloide formando placas senis e o mesmo ocorre dentro dos neurônios, com o acúmulo da proteína Tau, formando emaranhados neurofibrilares e causando a morte dos neurônios (principais células do cérebro). Dessa forma, eles não conseguem conectar-se uns com os outros assim, o cérebro não funciona direito.
Quais os estágios (fases) da doença de Alzheimer?
A demência de Alzheimer pode ser dividida em 3 fases:
Na FASE LEVE, a pessoa tem alguns comprometimentos com a memória para fatos recentes, podendo apresentar alguma dificuldade com a capacidade de julgamento, raciocínio, tomada de decisões, problemas de percepção visual, de tempo e de espaço, cometer alguns erros em tarefas mais complexas, como gerir suas atividades financeiras, por exemplo, seguir uma receita mas ainda mantendo sua independência. Apodem ocorrer alterações de humor e comportamento e dificuldades para acompanhar uma conversa. Geralmente a pessoa pode não ter consciência dessas dificuldades.
Na FASE MODERADA, já ocorre piora desses sintomas citados cima, com maiores dificuldades para se comunicar, piora na capacidade de se orientar no tempo e no espaço e uma acentuada dependência em suas atividades mais básicas do dia a dia, como higiene pessoal, preparar uma refeição, cuidar da casa. Nesta fase podem acentuar os quadros de alucinação e delírio e iniciar as incontinências.
Na FASE GRAVE, a pessoa já não consegue recuperar memórias em geral, inclusive as mais antigas, nem consegue alimentar-se sozinha. Iniciam as dificuldades motoras e piora das incontinências. É a fase que a pessoa poderá ficar acamada, com dificuldades de deglutição (engolir os alimentos).
Quais são os sintomas do Alzheimer?
É muito importante que a família fique atenta quanto a esses sinais: o mais comum é a perda de memória para acontecimentos recentes; falar muito do passado; dificuldade para se orientar no tempo e no espaço; perde objetos com frequência e geralmente não os encontra mais acusando outras de roubo; muda de comportamento e de humor com facilidade, sem um motivo aparente; pode haver mudança de personalidade, de julgamento, raciocínio; pode isolar-se das pessoas e perder o interesse por coisas que gostava de fazer; comete erros ao realizar tarefas que costumava fazer bem antes; comete confusões com a questão financeira (deixando de pagar suas contas ou pagando em duplicidade com frequência).
Quais são os fatores de risco da Doença de Alzheimer?
Existem fatores de risco que são modificáveis e aqueles que não são modificáveis.
Aqueles que não podemos mudar: genética, sexo, idade. Embora a idade seja o principal fator de risco para a doença de Alzheimer, ela não faz parte do envelhecimento pois nem todas as pessoas com muita idade têm Alzheimer.
Aqueles fatores de risco que podemos modificar, através do estilo de vida que assumimos: perda de audição, fará a pessoa interagir menos com outras, aumentando a solidão e tendo uma entrada sensorial a menos para estimular o cérebro, podendo acelerar a perda cognitiva; doenças cardiovasculares: especialmente a hipertensão arterial, colesterol, diabetes, obesidade estão fortemente associados ao acidente vascular cerebral (AVC) e à demência; sedentarismo (falta de atividade física). Manter-se ativo, pode ajudar o cérebro a funcionar melhor, aliviar o estresse e a depressão; o fumo, causa câncer e danos nos vasos sanguíneos; abuso de álcool, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e hepáticas, além do risco aumentado de envolvimento em acidentes; depressão,é altamente incapacitante, prejudica o funcionamento do cérebro, o convívio com outras pessoas e a qualidade de vida; baixo nível educacional, pode acelerar o surgimento dos sintomas da demência; isolamento social, pode aumentar o risco de solidão e ansiedade; poluição do ar, parece aumentar a probabilidade do desenvolvimento de placas senis no cérebro, segundo estudos mais recentes; traumatismo craniano (pancada na cabeça ou ferimento no crânio) que possa causar perda de consciência, torna-se alto risco para demência e está associado às profissões: pugilista, jogador de futebol.
Como prevenir a Doença de Alzheimer?
Até o momento não existe nada que evite o surgimento da doença. O que sabemos é que existem esses fatores acima citados que nos deixam mais vulneráveis para desenvolver a doença e outros que são mais protetores.
Qual o tratamento para o Alzheimer?
Duas formas. Tratamento farmacológico e não farmacológico.
O farmacológico é através de medicamentos para aliviar os sintomas e o não farmacológico são intervenções psicossociais (grupo de apoio, multidisciplinares).
“Mostre sua força. Procure ajuda médica e de um grupo de apoio como o nosso, ao perceber sinais.”
Instituto Alzheimer Brasil (41) 99138-0454 ou (11) 97511-2018.
www.institutoalzheimerbrasil.org.br
Instituição sem fins econômicos e formada por voluntários.
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