Alzheimer: uma doença silenciosa
- Jornal do Juvevê
- 1 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
"A doença afeta cada pessoa de modo diferente, e sua progressão também varia. A medida que a doença progride, exige maior nível de cuidado." Dra Georgette Mouchaileh Evangelista Ferreira - Neurologista

Foto: Google
DA (Demência de Alzheimer) é uma doença neurodegenerativa, progressiva com significante impacto social, devido sua elevada prevalência. Causa atrofia cerebral, e alterações anatomo-patológicas características como formação de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares.
A atrofia cerebral ocorre pela redução do número dos neurônios e também das suas ligações, chamadas sinapses.
Não se sabe porque isso acontece, mas existem fatores de risco para o seu desenvolvimento, sendo o principal, a idade. Após os 65 anos, o risco de desenvolver a doença dobra a cada 5 anos. Raramente ela surge antes dos 60 anos. Neste caso, deve-se considerar a possibilidade de outras demências.
A hereditariedade não é o principal fator de risco. Tem relevância em torno de 40% dos casos.
A baixa escolaridade é um importante fator de risco, visto que pessoas com complexa atividade intelectual e alta escolaridade tendem a iniciar os sintomas mais tardiamente, pois é necessário maior perda de neurônios para tal.
Outros fatores: cuidar de comorbidades como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, síndrome da apneia obstrutiva do sono; cuidados na qualidade de vida, não abusando de bebidas alcoólicas, evitar tabagismo, fazer atividades físicas, evitando o sedentarismo.
A doença afeta cada pessoa de modo diferente, e sua progressão também varia. A medida que a doença progride, exige maior nível de cuidado.
Temos 3 estágios:
- Leve: onde há prejuízo da memória recente, podendo fazer perguntas repetidas associado a algum impacto na vida diária como dificuldade em fazer a lista do mercado, em se lembrar de tomar os remédios, perda ou extravio de objetos valioso.
- Moderado: é o mais longo, costuma durar anos. Apresenta desorientação temporo-espacial, esquece eventos ocorridos ou até mesmo sua história, necessita ajuda para escolher e colocar roupas, alterações de humor e comportamento (pode exacerbar algum padrão de personalidade), alterações no padrão de sono, risco aumentado de se perder.
- Avançado: nesta fase há assistência 24h, há descontrole dos esfincteres (bexiga e intestino) com necessidade de fraldas, limitações para deambular, comprometimento na comunicação e na deglutição: engasgos, com risco aumentado de aspiração de líquidos e alimentos. Podem ficar acamados, sem falar e/ou compreensão limitada e necessidade de dieta via sonda. Estão nessa fase mais vulneráveis a infecções.
Exista a fase pré-clinica, onde há alterações anatomo-patológica, porém o paciente não iniciou os sintomas
O prejuízo da memoria recente é ja no inicio, e este permanece. Percebam que para avaliar a progressão das fases tem que haver perda da funcionalidade.
Não há como evitar a doença, porém há medidas para postergar o início dos sintomas caso a pessoa desenvolva a doença.
- Cuidar de comorbidades: tratar hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, e apneia do sono, diabetes mellitus, doenças psiquiátricas, como depressão, transtorno bipolar
- Evitar tabagismo
- Evitar consumo abusivo de bebidas alcoólicas
- Fazer atividade física regularmente (minimo de 150 min por semana). Este é o único “remédio” que melhora a memória pois aumenta a conectividade entre os neurônios.
- Nível de escolaridade o mais elevado possível
- Praticar jogos educativos, de memoria, leitura, manter-se atualizado com as notícias, diversificar: fazer caminho diferente para se chegar a lugares habituais, experimentar/ fazer receitas novas, conhecer lugares novos
- Aprender uma segunda língua
- Ter vida social ativa
- Ter uma motivação de vida
- Dormir adequadamente
- Alimentar-se adequadamente, como a dieta do mediterrâneo (rica em vegetais, frutas, carne magra, particularmente as de peixe que contenham omega-3)
O diagnóstico é baseado na avaliação clinica-neurológica através de testes cognitivos e exames de imagem do cérebro. São realizados outros exames também para descartar outras causas.
Geralmente os sintomas são percebidos pela família. Há a desconfiança, e esta deve procurar atendimento de um medico especialista como o neurologista.
O tratamento é baseado em manter os cuidados preventivos, pois estes também ajudam a reduzir a velocidade da progressão da doença; além de tratamento medicamentoso, que tem a mesma função, além de ajudar nas alterações de comportamento.
Dra Georgette Mouchaileh Evangelista Ferreira, CRM/PR 18027
Neurologista atuante no Hospital Angelina Caron, Hospital das Nações, Hospital Pilar e Hospital Vita Batel
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