A SUA POLÍTICA CHEGA NO POVO?

Quando falamos sobre política falamos sobre tudo que está ao nosso redor. Nossas relações são políticas, nosso corpo é político e muitas das nossas ações também são. Mas como levar a política para fora do seu nicho?

Em alguns anos atuando na política pude principalmente perceber que a política precisa ser ouvida para depois ser executada. Simples, antes você ouve, pesquisa, analisa, estuda a respeito de um tema, para depois chegar em uma conclusão sobre ele.

Isso porque caso você antes apresente a solução para depois ouvir as demandas, você poderá falar sobre algo que não condiz com a realidade. Acontece que a política participativa, de escuta e de fala é feita por poucas pessoas.

O mais comum de se acontecer quando você atua politicamente é o famoso “falar para dentro” ou ainda “falar para a sua bolha”, você discute com aqueles que sabe que possuem a mesma opinião que a sua e que, logicamente, vão concordar com o que tem a dizer. É muito mais fácil ganhar destaque neste meio político, você atua com aquilo que é mais confortável, com aquilo que os outros querem ouvir e não propriamente com aquilo que você pensa.

A política feita com vontade, requer esforço, paixão e coragem. Até porque falamos sobre diálogo e sobre conversar com o povo. Falamos sobre escuta e sobre empatia. Não se trata de uma tarefa fácil compreender realidades que não te dizem respeito, mas importante se faz abordar também, que pra mim, a política que é feita pelos homens brancos de terno sentados em suas poltronas embaixo do ar-condicionado, não é a política que devemos nos espelhar.

Isso porque essa política é feita pelo comodismo, pelo ego e pelos interesses individuais. E acreditem, existem muitas pessoas com essas características no meio político, o que não significa que a política seja ruim como um todo, mas sim, que algumas pessoas fazem política através dos seus próprios interesses.

A notícia boa é que a política tem espaço para todas as pessoas. Como esse é um artigo de opinião, onde toda sexta-feira coloco minhas impressões a respeito do meio político e embasamento através de estudo (mas também de vivências), posso dizer que, por mais que a política pareça um ambiente hostil para jovens, negros, comunidade LGBTQIA+, mulheres, indígenas, a política não é política sem nós. Isso porque a política verdadeira se faz fora do ar-condicionado.

Mas nós só vamos encontrar nosso verdadeiro caminho político se estivermos dentro dessa política que nos oprime, se estivermos nos espaços de decisão. Por isso, se existe alguma dúvida de que você pode fazer algo estando em uma organização, em um partido ou em um movimento, deixe essa questão de lado, é imprescindível estar, porque só assim podemos fazer com que a democracia seja realmente a representação do povo e não a representação dos homens brancos.

Camilla Gonda - Acadêmica de Direito pela PUCPR e Ciências Sociais pela UFPR. Pesquisadora em Ciência Política pela UFPR.