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A HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA SIMPLES!



Reunidos na sala da pequena casa mãe, filho e um primo distante! Ainda na casa dos trinta, a sofrida mulher, aparentando cinquenta anos, conta para o primo: - Esse ano foi difícil, eu estava com várias noivas marcadas, pacotes de quinze anos vendidos, em março eu estava feliz com a decisão de sair do meu emprego e trabalhar por conta própria com estética!


Afinal, poderia cuidar mais do Pedro durante a semana e trabalhar aos fins de semana, quando o meu querido Zé.. e seus olhos enchem de lágrimas.. e o Zé ficaria com ele para eu atender minhas clientes! Fevereiro foi um mês muito bom! Até maquiagem de Carnaval eu fiz!


Aí o Pedro pergunta: - Mãe por que o pai morreu? E mãe responde: - A filhinho, foi o COVID! O primo, quieto até então pergunta: mas um jovem, saudável, morrer do vírus chinês? Vocês não estavam tomando Ivermectina? Ele demorou para procurar ajuda? Ele tinha alguma doença e a gente não sabia?

E a mãe tristemente conta: - Ele era bem saudável, mas a gente ainda não tem condições de pagar um plano de saúde. Ele teve febre e dor de cabeça, ligou na prefeitura, mandaram ficar em casa. Ele piorou, foi no postinho, mandaram ele para casa com dipirona e atestado de 12 dias! Atestado para que? Em abril ele foi despedido, a empresa faliu. Antes de ficar doente, estava vendendo pano de prato na esquina. Aí ele ficou em casa, sem ganhar nada. Os colegas até disseram para ele continuar trabalhando, mas ele obedeceu, né? Ficou em casa!


O pouco trabalho que eu tinha, não fui né. Poderia contaminar minhas clientes. O Pedro sem creche... o que nos salvou de passar fome foi o um dinheirinho guardado, do acerto que eu fiz com a firma, sabe, aquele para ficar mais tempo cuidando do Pedro. Agora tenho tempo, mas não tenho condições!

E o primo: Mas ninguém ajudou vocês? Por que você não mandou mensagem. E a mãe responde: - A gente fica com vergonha, né? A TV manda ficar em casa, o postinho manda ficar em casa, as amigas dizem que é perigoso ir na rua. Comércio fechado, escola fechada, nem sei se fábrica estava trabalhando. A gente ficou por aqui. Eu nem fui ver a minha mãe, coitada, lá na casa de repouso, sem visita. Ainda bem que em junho veio o auxílio emergencial, dá vergonha né? A gente jovem, pode trabalhar e fica dependendo de dinheiro do governo! Mas o Zé queria ficar bom, trabalhar; eu queria trabalhar; o Pedro queria ir para escola. Eu não sei nada dessas tarefas que passam para casa; ainda tenho que gastar para ficar comprando coisa de artes! Aí o Zé teve falta de ar, voltou ao posto de saúde, de novo, dipirona e fique em casa. Os vizinhos falaram de um tal de tratamento precoce, mas com que dinheiro procurar um médico particular? Quando ele estava bem mal eu consegui chamar o SAMU. O pessoal foi atencioso, arranjou um internamento, mas acho que não deram nenhum remédio desses que o Bolsonaro fala... desses que a gente lê no ZAP. E aí eu fiquei aqui meio sem notícia, às vezes o hospital ligava, não podia visitar... eu só queria ele bom, ele aqui com a gente; depois a gente arranjava um trabalho, nada de ficar pedindo dinheiro para os outros. E quando ele morreu, nem velório pude fazer, nem me despedi, parece que ele vai entrar por aquela porta.

E o primo: - Terrível isso, nem vou dizer de novo: você precisava ter procurado outra ajuda. E o menino: - Mãe, por que o pai morreu? - Já falei filho, foi COVID! - Por que o meu pai, mãe?


Ela responde: - Filho, tenha dó da mamãe, eu não posso desconfiar das autoridades, eu não posso acreditar no ZAP e desconfiar da TV, do noticiário! - Pois é exatamente ao contrário, querida! Afirmou o primo. - Siga os jornalistas da mídia alternativa, alguns são bem tradicionais Alexandre Garcia, J R Guzzo, Gazeta do Povo, Os Pingos nos Iis. Abandone a TV aberta, não leia jornal impresso. E desconfie, desconfie dos governadores, prefeitos, vereadores, deputados e senadores. Desconfie: eles não dependem de trabalhar, prestar serviço, o salário deles está garantido! Assista o Terça Livre na internet!

- Mas primo, nem todo mundo é ruim. Tem gente boa no governo! - Até tem, querida, o pessoal de Brasília está tentando ajudar: Auxilio emergencial, verbas para a saúde, finalização de obras paradas, propostas para diminuir os gastos públicos, vender empresas do governo.


Mas o esforço deveria ser de todos! - Primo, estou mais confiante para 2021, já tenho até uns tratamentos estéticos e algumas festas marcadas. Posso confiar? Ao que o rapaz responde: - O resultado da economia em 2020 não foi ruim, aquela hecatombe de mortes e a catástrofe prevista para a Economia, não se realizou. Se deixarem a gente trabalhar, se oferecerem o tratamento preventivo para quem quiser e o precoce para quem precisar a gente pode ter um grande ano pela frente!

Ana Paula Cherobim / Professora Titular UFPR - Departamento de Administração Geral e Aplicada. Esse texto reflete a opinião da autora. Para próxima semana: Os porquês do Pedro!

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