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A FORÇA E A BELEZA DELAS

A violência contra a mulher sempre existiu, porém temos que unir todas as nossas forças para acabar com esse problema. A sociedade civil organizada, tem que ficar de olhos e ouvidos abertos contra esse mal, que atinge várias mulheres, independente de raça, cor, sexo e classe social.

Foto: Google


Não é só a violência física que assola a vida das mulheres, existem outros tipos de violência: psicológica, sexual, patrimonial e moral. A psicóloga Fernanda M. M. Barbosa irá nos mostrar quais são as características de cada tipo de violência.


Violência Física: “talvez a mais conhecida de todas, engloba todas as formas de agressão que firam diretamente a integridade física da mulher. Pode-se citar como exemplos que ilustrem tal tipo tapas, espancamentos, tortura, lesões por arremesso de objetos ou com objetos cortantes, queimaduras e os próprios ferimentos por arma de fogo. Seus indícios são mais fáceis de serem identificados, apesar de que, por muitas vezes e por vergonha, as mulheres vítimas desta modalidade de agressão tendem a esconder as marcas deixadas pelo agressor.”

Fernanda Maluf Magnabosco Barbosa-psicóloga


Iremos ler três relatos, de mulheres que preferem não citar seus nomes, relatos que chocam e ao mesmo tempo alertam a nossa sociedade desse mal, a violência.


“Em respeito aos meus filhos, prefiro não expor o meu nome.

Fui vítima de violência física, doméstica e moral, durante 29 anos. Meu companheiro, se é que dá para chamar de companheiro, vivia me batendo e me desmerecendo, falando frases que sempre me colocavam para baixo.


Tive, 6 filhos, foram os presentes mais valiosos que Deus me deu, posso dizer que só tive forças para aguentar tudo isso, por eles, meus filhos.


Hoje faz 3 anos que estou livre, me sinto bem melhor, realizada profissionalmente e principalmente me amando, pois o amor próprio é tudo.”


Violência Psicológica: “constitui aquelas que violam a integridade moral e psíquica da mulher. Mantém a mulher em constante estado de alerta, medo, receio e sofrimento. Apesar de não deixarem marcas físicas, deixam profundas cicatrizes na individualidade e na subjetividade destas mulheres, fazendo-as, inclusive, duvidarem de sua própria sanidade mental. Pode-se citar como exemplo deste gênero de violência as ameaças, chantagens, manipulação, vigilância exacerbada, perseguição, exploração, ridicularização, limitação do direito de ir e vir e distorção de fatos para que a mulher se sinta “louca”, dentre outras.”

Fernanda Maluf Magnabosco Barbosa-psicóloga


“Esse relato é muito emocionante para mim.

Desde 2013, quando engravidei da minha filha, sempre morei com a minha avó. Em 2016, um tio, veio morar com ela também e começou a me assediar.


Vendo que os assédios não davam resultado, ele começou a me xingar e ofender e para piorar ele saia a tarde para beber em bares e voltava alterado.


Em 2018, fui morar com a minha mãe e a situação começou a melhorar um pouco, mas eu voltava com frequência na casa da minha avó, pois ela dependia de mim (mercado, banco, cozinhar etc...)


Porém, chegou um momento, com as provocações insistentes do meu tio, em que eu surtei e falei para minha mãe que não aguentava mais ficar lá, minha vontade era de pular nele e socar a cara.


Em uma certa ocasião, ele fechou a porta do micro-ondas no meu dedo e em seguida me deu tapa no rosto. Naquele momento eu me senti a pior pessoa do mundo, me senti um lixo de mulher por deixar isso acontecer comigo e senti muita vergonha de ir à delegacia dar queixa.


Mesmo assim sai da casa da minha avó, com a minha filha, que viu toda briga e liguei para um amigo advogado. Fui até a Delegacia da Mulher, fiz um Boletim de Ocorrência.


Nesse meio tempo, entre a abertura do Boletim de ocorrência e a audiência, eu comecei a sofrer pressão do outro tio, para retirar o processo. Meu tio foi sentenciado a pagar uma indenização de um salário mínimo e 3 meses de prisão domiciliar.


Hoje um ano depois da agressão eu estou morando com a minha mãe a minha filha e trouxe a minha avó para morar com a gente.”


Violência Sexual: “ligada aos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, envolvem todo e qualquer ato que obrigue a prática de ato sexual ou de conduta desconfortável. Também podemos classificar como violência sexual o controle dos métodos de fertilidade, obrigando a ocorrência de uma gravidez ou até mesmo do próprio matrimônio.”

Fernanda Maluf Magnabosco Barbosa-psicóloga


“Vou explicar aqui que não tive a violência física e sim a psicológica. O meu ex marido trabalhava muito o meu psicológico e fazia com que eu me sentisse um ser inferior, chegando ao ponto de chamar eu e o meu filho de fardo.


Eu trabalhava fora, em casa, fazia faculdade e ainda cuidava do meu filho, e o meu ex marido não fazia nada. Depois que ele chamou o meu filho de fardo, ele começou a jogar coisas na minha cara e ter ataques de nervo. Depois de um surto do meu ex, eu passei mal e fui parar no hospital e descobri que estava gravida dele e quando ele descobriu que eu estava grávida, ele só falou, mais esse fardo eu não vou levar.


Quando fui conversar com ele, ele me questionou que eu não cuidava dele e nem da casa e depois fui descobrir que ele tinha uma outra mulher.


Hoje eu entendo tudo que aconteceu, eu não fui a culpada de nada, ele já tinha outra pessoa, apresentada pelo pai dele e eu já perdoei.”


Violência Patrimonial: “pelo qual a subsistência financeira da mulher é vinculada ao agressor. Enquadra-se nesta categoria o controle dos recursos patrimoniais por parte do agressor, subjugando a mulher às suas vontades, ou permissão. Também podemos citar agressões como estelionato, furto, roubo, destruição de bens ou documentos e até mesmo deixar de pagar a pensão alimentícia como exemplos de tal conduta.”

Fernanda Maluf Magnabosco Barbosa-psicóloga


CASA DA MULHER BRASILEIRA


“Não existe em nenhum outro lugar do mundo um local que ofereça uma estrutura similar e a gestão nos dá todo incentivo para que possamos prestar esse apoio às mulheres no momento em que elas mais necessitam.” Comenta a Coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Sandra Praddo.

Foto: Daniel Castellano


Situada na Avenida Paraná, 870, bairro Cabral, a “Casa da Mulher Brasileira” tem por objetivo apoiar as mulheres a romper o ciclo de violência.


Ao longo desses quatro anos de existência, aproximadamente 54. 787 mulheres, que sofreram algum tipo de abuso ou violência, receberam atendimento. A Casa da Mulher Brasileira é referencia no acolhimento das mulheres e seus filhos, sendo administrado pelo município e tendo parceria com o governo estadual e federal.


Serviços


Acolhimento e triagem: O serviço da equipe de acolhimento e triagem é a porta de entrada da Casa da Mulher Brasileira. Forma um laço de confiança, agiliza o encaminhamento e inicia os atendimentos prestados pelos outros serviços da Casa, ou pelos demais serviços da rede, quando necessário;


Apoio psicossocial: A equipe multidisciplinar presta atendimento psicossocial continuado e dá suporte aos demais serviços da Casa. Auxilia a superar o impacto da violência sofrida; e a resgatar a autoestima, autonomia e cidadania; Delegacia: Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher é a unidade da Polícia Civil para ações de prevenção, proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e sexual, entre outros; Brinquedoteca: Acolhe crianças de 0 a 12 anos de idade, que acompanhem as mulheres, enquanto estas aguardam o atendimento;


Alojamento de passagem: Espaço de abrigamento temporário de curta duração (até 24h) para mulheres em situação de violência, acompanhadas ou não de seus filhos, que corram risco iminente de morte;


Patrulha Maria da Penha: A força-tarefa especial operacionalizada pela Guarda Municipal, funciona 24 horas e atende casos de vítimas com medidas protetivas concedidas pelo Poder Judiciário, conforme prevê a Lei Maria da Penha;


Juizado e ou vara especializada: Os juizados/varas especializados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher são órgãos da Justiça responsáveis por processar, julgar e executar as causas resultantes de violência doméstica e familiar, conforme previsto na Lei Maria da Penha.


Ministério público: A Promotoria Especializada do Ministério Público promove a ação penal nos crimes de violência contra as mulheres. Atua também na fiscalização dos serviços da rede de atendimento;


Defensoria pública: O Núcleo Especializado da Defensoria Pública orienta as mulheres sobre seus direitos, presta assistência jurídica e acompanha todas as etapas do processo judicial, de natureza cível ou criminal;


Saúde: Os serviços de saúde atendem as mulheres em situação de violência. Nos casos de violência sexual, a contracepção de emergência e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/aids devem ocorrer em até 72h. Além do atendimento de urgência, os serviços de saúde também oferecem acompanhamento médico e psicossocial;


Promoção da autonomia econômica: Esse serviço é uma das “portas de saída” da situação de violência para as mulheres que buscam sua autonomia econômica, por meio de educação financeira, qua­lificação profissional e de inserção no mercado de trabalho.


Canais de denúncia

Emergência - 190

Denúncia – 180

Patrulha Maria da Penha (para mulheres com medida protetiva) – 153

Casa da Mulher Brasileira – (41) 3221-2701 | (41) 3221-2710

Endereço: Avenida Paraná, 870 – Cabral E-mail: cmb@curitiba.pr.gov.br


Fontes:

Fernanda Maluf Magnabosco Barbosa é psicóloga clínica, CRP 08/32805.

Atendimentos presencial e online.

End.: Alameda Cabral, 435 – Bairro São Francisco – Curitiba-PR

magnaboscofernanda@gmail.com / +55 (41) 98726-1903



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