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A CIDADE SÓ EVOLUI QUANDO O CIDADÃO EVOLUI


Um dia desses, conversando com o prefeito de Curitiba Rafael Greca, falamos sobre os dias frios e como temos a impressão de que no passado o inverno em nossa cidade era mais rigoroso. As lembranças da neve são de 1975, eu tinha apenas dois anos, e com certeza, naquele dia estava em casa de ceroula e embaixo das cobertas. O prefeito disse que já usou ceroula quando era menino, mas agora, a primeira dama não permite mais.


Quando vi nos noticiários que os termômetros despencariam nos próximos dias, imediatamente lembrei da conversa com o prefeito e separei a minha ceroula. A minha primeira dama não liga para isso.


Deixando a brincadeira de lado, é fato que muita coisa mudou.

Curitiba não é a mesma. Há menos de três décadas, era possível encontrar para os lados do Boqueirão, Sítio Cercado, Ganchinho, e outros bairros da região sul principalmente, grandes áreas verdes, descampados, chácaras e uma vida rural ativa, mesmo estando na capital. A região sul foi a que mais cresceu. A Cidade Sorriso, aos poucos está se tornando uma selva de pedras e a cada dia diminui a distância entre a capital e as cidades limítrofes. Obvio que a distância continua a mesma, mas com o crescimento dos bairros localizados na franja, ou seja, nos limites de municípios, a impressão que se tem é que a cidade vizinha, que antes era longe, agora é logo ali, do outro lado da rua.


Crescer é preciso, mas é preciso ter noção de que se isso acontecer sem planejamento é um risco.


Quando se fala em desenvolvimento, costumeiramente o termo é entendido de forma positiva, analisando apenas a evolução e o crescimento, no entanto, se não for sustentável, pode ser mais prejudicial do que benéfico. Por exemplo: Ruas asfaltadas são ideais para o tráfego de veículos, mas resolve-se um problema e cria outro que é o escoamento correto da água da chuva.


Essa água vai para algum rio, que geralmente tem o seu leito coberto pela cidade. Portanto, se não houver planejamento e gestão do lençol freático, corremos o risco de ter enchentes com frequência. Há alguns dias acompanhamos o desastre que aconteceu na Alemanha onde mais de 120 pessoas morreram. A realidade e estrutura das cidades alemãs são diferentes das nossas, porém ficou evidente que faltou planejamento. As vilas cresceram em torno dos rios e quando ele precisou de espaço para escoamento de um grande volume de água da chuva, invadiu as cidades e levou tudo o que encontrava na frente.


Minha mãe dizia: “Com a natureza não se brinca”, e ela sempre teve razão. Fenômenos naturais como tempestade ou uma massa de ar frio podem ser previstos, mas não tem como ser evitados. Por isso precisamos estar preparados estruturalmente.


Ainda falando de clima, na noite deste dia 28 de julho, enquanto o termômetro marcava 4 graus, funcionários da Fundação de Ação Social – FAS, percorriam as ruas da cidade tentando convencer algumas pessoas em situação de rua a irem para os abrigos. Mais de 1.100 leitos foram utilizados, no entanto, nem todos os quatrocentos chamados que foram recebidos na central 156 para atender pessoas na rua tiveram sucesso. Mesmo assim foram entregues cerca de 80 cobertores, e muitos preferiram ficar na calçada. Em Curitiba, até os animais de estimação das pessoas em situação de rua são resgatados.


Mesmo assim, teremos mais uns dias gelados, e cada um pode exercer o seu papel de cidadão.


A cidade só evolui quando o cidadão evolui.

Separe uma roupa que não usa mais, um cobertor que está no fundo do guarda roupas, um calçado, ou até mesmo a ceroula, se por acaso alguém não deixar que você use.


Pense também nos animais. Alguns ainda vivem a moda antiga, no fundo do terreno, em uma casinha e preso a uma corrente, o que segundo a Lei de Maus tratos promulgada recentemente proíbe. As vezes o desleixo no cuidado com o animal acontece por ignorância.


Uma boa conversa pode resolver o problema. A cidade evolui quando o cidadão evolui.


Marcio Barros-Vereador de Curitiba

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